sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Kabalah

Shalom chaverim !!!

Depois de alguns meses sem escrever, consegui um tempinho para falar rapidamente sobre um tema bem interessante. Nos últimos anos, tem havido uma grande febre entre os famosos, e que por consequência atinge os seus fãs. Essa moda tem um nome: Kabalah !!! Muitos falam, alguns seguem, poucos conhecem de fato o que é kabalah. A definição mais simples de kabalah diz que é a mística judaica, mas o que isso representa ? Para muitos representa o oculto, o conhecimento das coisas que a maioria das pessoas não conhecem, algum tipo de poder mágico; para outros, é algo pecaminoso, que foge aos propósitos do Eterno, algo esotérico, como a Nova Era, ou bruxaria.

Vamos ver porém, qual é a definição de "misticismo":

"mis.ti.cis.mo

sm (mistico+ismo) 1 Filos Crença religiosa ou filosófica dos místicos, que admitem comunicações ocultas entre os homens e a divindade. 2 Aptidão ou tendência para crer no sobrenatural. 3 Devoção religiosa; vida contemplativa. 4 Fanatismo por uma doutrina. 5 O lado misterioso de qualquer doutrina. M. cristão: o desapego de si mesmo por amor de Deus."

Fonte: Michaelis

Alguém diria, depois de ler essa definição, que a bíblia não é um conjunto de livros místicos ? Duvido muito, pois o dicionário acabou de descrever o que é a vida de um crente, de alguém que adora ao Eterno.

Diz a tradição judaica que quando Mosheh (Moisés) recebeu a Torah, o Eterno também lhe confiou os segredos mais profundos sobre Ele e sobre tudo o que Ele criou. Mosheh desceu do monte, chamou as pessoas e anunciou a Torah; depois ele chamou algumas pessoas, e contou alguns segredos sobre a Torah. Em seguida, Mosheh escolheu dentre esse pequeno grupo, um grupo menor ainda para lhe transmitir segredos ainda mais profundos. A este conhecimento recebido por Mosheh, chamamos de "kabalah", que em hebraico significa "recebimento". Um judeu só deve começar a estudar a kabalah após os 40 anos, pois segundo o judaísmo essa é a "idade da sabedoria", pois antes de chegar nesse ponto, o judeu passou por todo o ciclo da vida judaica e de estudo sobre a fé de nossos pais, o que inclui a Torah, os Profetas, os Escritos (Tanach), a Mishná, a Guemará (Talmud), os Midrashim, etc. Então agora sabemos melhor o que significa a kabalah !!!

Segundo a hermenêutica judaica, existem quatro níveis de interpretação das escrituras, e o nome destes métodos é formado pela inicial do nome de cada um deles: PRDS, que foi vocalizado como "Pardes". Esses níveis são:

Pashat - É o nível mais básico de interpretação, pois é a idéia primária que o texto deseja transmitir, ou seja, o lado literal do texto. Por exemplo:

"No princípio criou D-us os céus e a terra."

Bereshit - Gênesis 1.1

Lemos o texto, e devemos entender que o Eterno criou os céus e a terra no início dos tempos, e esse sentido literal não pode ser perdido, pois a regra mais básica para usar esses níveis é: Nenhuma passagem perde o nível pashat !!!

Remez - Trata-se do nível alegórico, daquilo o que pode ter um sentido figurado, ou que na verdade faz referência a outra coisa ou assunto. Por exemplo:

"Tudo isso aconteceu para cumprir o que Ad-nai disse por meio do profeta: 'A virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles o chamarão Imanu'el'."

Matityahu - Mateus 1.23

O texto acima faz referência à profecia de Yeshayahu - Isaías 7.14, mas o texto em questão traz uma profecia que servirá de sinal a Achaz haMelech - O Rei Acaz, porém, Matityahu aplicou a mesma profecia ao Mashiach, através de alegoria, e portanto usando o nível remez.

Drash - Consiste em procurar explicações para um texto bíblico nas próprias escrituras, seja em textos anteriores ou posteriores à passagem a ser entendida. Por exemplo:

Várias passagens dos evangelhos, são explicadas buscando-se referências no Tanach ("Antigo" Testamento), como as profecias cumpridas pelo Mashiach.

Sod - É o nível mais profundo de compreensão da Torah, e consiste de buscar os segredos mais profundos por trás dos textos bíblicos. É a kabalah propriamente dita, ou seja, a revelação mística da Bíblia, verdades que mudam vidas de forma sobrenatural. Também pode ser usado na guematria, que consiste de utilizar os valores numéricos das letras hebraicas (pois antigamente as letras hebraicas serviam de números também). Por exemplo:

"...deve calcular o número da besta, porque é o número de uma pessoa, e seu número é 666."

Chazon Yochanan - Revelação 13.18b

Como os leitores podem ver, esse é um caso típico de uso da kabalah. Todo o livro da Revelação contém passagens cabalísticas como as 7 taças, os 7 ais, os 7 selos, os serem viventes e os anjos. Sha'ul haShaliach (Paulo) também fez uso da kabalah quando falou sobre "o terceiro céu", a "multiforme graça de D-us", entre outros.

Agora um exemplo prático do uso do Pardes:

O livro de Matityahu (2.23) diz que havia sido profetizado que o Mashiach seria chamado de "nazareno". Acontece que não existe essa profecia no Tanach, e nenhum profeta disse isso, e até mesmo os não-crentes (incluindo judeus) desafiam os crentes a encontrar essa profecia. Será mesmo que não existe essa profecia ? Primeiro vamos ver a palavra "nazareno" em hebraico: נצרי - Notzri. Se analizarmos mais atentamente os profetas, encontraremos uma ligação no seguinte texto:

"Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo."

Yeshayahu - Isaías 11.1

A palavra hebraico para "rebento" é נצר - Netzer, que é quase idêntica à palavra "nazareno" em hebraico. Isso é o suficiente para aplicarmos o nível remez a esse texto fazendo referência ao fato de Yeshua ter sido conhecido como "nazareno". Além de termos aplicado também o nível drash para buscarmos explicações nas escrituras para um texto da própria Bíblia.

Todas essas coisas são bem diferentes do que vemos hoje sendo chamado de kabalah, porém, nenhuma delas fará sentido ou terá utilidade, se não tiver um único objetivo: Entender as escrituras e a vontade de haShem para as nossas vidas. Esse é o desejo de D-us e do Mashiach Yeshua !!! Existem muitas obras cabalísticas que deveriam ajudar a pessoa a entender melhor tudo isso (Sefer Zohar, Sefer Yetzirá, Tanya, etc), porém, a maior e única 100% confiável são as próprias escrituras.

Espero ter ajudado um pouco na compreensão do que realmente é Kabalah. Usem com sabedoria !!!

Shalom

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Feliz Aniversário !!!

Shalom !!!

É com grande prazer que anuncio que o blog Torat Yeshua está completando 1 ano de existência !!! Nesse ano que passou aconteceram muitas coisas legais, postei estudos meus, estudos de teólogos messiânicos e nazarenos respeitados do Brasil, traduzi textos de rabinos messiânicos internacionais, etc.

Foi muito legal receber os comentários de vocês, alguns elogiando, outros criticando, muitos concordando, mas também outros discordando. São 28 textos que foram postados com muito carinho e com o desejo de que eles edifiquem os leitores. Enfim, foi um ano muito bacana e eu gostaria de lembrar aqui alguns comentários que foram deixados ao longo desse ano.

"Fico feliz pela sua iniciativa, ao usar este meio para alertar e esclarecer acerca do paganismo existente dentro do corpo daqueles que se consideram seguidores de Yeshua. Entretanto, chamo a sua atenção para este pequeno detalhe dentro do seu texto: "Depois de sua morte, também não se tem registro..." Para quem lê, surge o pensamento de que você talvez não creia na ressurreição e ascenção do Mashiach. Considero mais apropriada a expressão: Depois da sua partida...

na Chessed do Maran Yeshua

EliYah - DF"

Sobre o artigo "Feliz Saturnália !!!"

"Muito bom este pequeno artigo.

Acontece que muitos se intitulam professores ou conhecedores do hebraico, e como quem tem um olho em terra de cego é rei fica a prática do erro como certo.

Particularmente nunca absorvi o conceito de "unidade composta", e creio que este estudo é luz para os estudiosos sinceros do hebraico.

Aregis"

Sobre o artigo "Echad"

"Pretendo ser visitante assíduo deste blogg. Uma pena não poder contribuir comm textos, mas vou aprender muito, muito mesmo
Getúlio Faleiros"

Sobre o artigo "O Nome do Mashiach"

"Chaver, vc tá mesmo fera no Tanach e na Brit Hadashá, depois quero umas aulas!!!

Muito bons seus textos e vale a pena realmente tirar um tempo para lê-los!

Abraço!

Junior"

Sobre o artigo "Pequeno Manual"

"ACHO QUE TU FOSTE RADICAL,POIS A LEI QUE SEGUI ERA OS JUDES,ATÉ QUE SE CUMPRISSE A MORTE NOMADEIRO DA CRUZ,NOTAMOS QUE UM ASSASSINO AO LADO DE YESHUA NÃO PRECISOU BATIZAR PARA SER SALVO,MAAS APÓS A RESSURREIÇÃO É ORBIGADO A SE BATIZAREM E O PRÓPRIO YESHUA APARECEU SHAUL E DISSE QUE ELE ERA O INSTRUMENTO PARAOS GENTIOS,E FOI YESHUA QUE DITOU AS LEIS A SHUAL,ELE NÃO IMPÔS DOUTRINA NOVA. ELE MESMO DIZ SEDE MEUS IMITADORES COMO EU SOU DE YESHUA.
TÔ CERTO OU ERRADO?

Fluvio"

Sobre o artigo "Yeshua ou Paulo?"

"Shalom...

Sinto-me muito feliz por saber que esse tipo de verdade está sendo revelada, mais ao mesmo tempo muito triste, ao saber que por erros de traduções muitos estão sendo enganados.

O Pior de tudo isso é que o próprio tradutor passando-se de desentendido e despercebido de (Apocalipse 22:18) assiste seu próprio julgamento.

Reinaldo"

Sobre o artigo "Almeida Corrigida...e Fiel?"

"Ótimo texto, mostra de uma forma bem razoável, desprovido de exageros, como os goim podem se achegar aos poucos no cumprimento da Torah.

Seria interessante um texto semelhante aplicado especificamente aos judeus que estão fazendo Teshuvá, para auxilia-los a iniciar a observância da Torah.

Shabat Shalom

MAC"

"Muito bom!!!...
Pensando bem, realmente, o evangélho de Yeshua não contrariou o judaísmo, simplesmente mostrou como praticar os mandamentos da forma mais viva e amorosa....ou seja....Yeshua nos mostrou como guardar os mandamentos da forma correta do jeito q Elohim sempre quis q quardassemos, acabando com as obras de Adam e vivendo como Yeshua viveu!

Giulliano"

"Artigo muito interessante!

Seria muito bom se vc colocasse aqui tb um estudo sobre o shabat.

Grande abraço!

Irrael Junior"

Sobre o ensaio "Didakê e a Relação de Gentios com a Torá" do Prof. Igor Miguel do MJBI - Messianic Jewish Bible Institute.

Todos esses comentários, positivos ou negativos, são importantes para mim. Espero continuar por mais um ano para que no ano que vem tenha mais coisas para compartilhar com os amigos e irmãos.

Yom Huledet Samêach !!!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Didakê e a Relação de Gentios com a Torá

O debate entre lei x gentios é pertinente e deve sempre ser ventilado para que não haja dúvidas. Na verdade esse debate é novo por alguns motivos:

1) A nova abordagem de que a lei não foi abolida com o evangelho;
2) A perenidade da aliança de D´us com os judeus;
3) A idéia de Jesus e os apóstolos judeus, estes continuaram judeus após a salvação pela graça.
4) O conceito de Igreja como uma comunidade que agrega judeus e gentios no Messias.
5) O reconhecimento de que a Igreja tem suas raízes na cultura judaica (bíblica e extra-bíblica).

Por isso, esse debate é novo e deve ser desenvolvido com sobriedade e pés-no-chão, afinal os temas acima estão sendo ventilados agora, e podem ser consideradas verdades bíblicas, escondidas a muito séculos e que agora vieram à tona.

Pois bem, para o enriquecimento do debate, gostaria apenas de expressar um texto que não pode estar fora do debate gentio x lei, refiro-me ao Didakê, aos que não conhecem aconselho darem uma lidinha na wikipedia clicando aqui é bem resumido, mas serve para introduzir o estudioso na referida obra.

Aqueles que desejarem acessar uma tradução do didakê na íntegra em português acessem: http://www.psleo.com.br/pa_didaque.htm

O que é o Didakê (didaque)?

Didakê diach em grego quer dizer "doutrina" uma referência a uma antiga obra (a posteriori) cristã que é datado entre os I e II século. O Didakê é importante justamente por sua relevância histórica, por sua datação e principalmente por seu valor teológico.

Segundo a maioria dos estudiosos o didakê é uma composta por líderes ou um líder da Igreja desconhecido (provavelmente um não-apóstolo) tendo em vista orientar gentios da Igreja a respeito de seu procedimento junto a comunidade de salvos (a Igreja), por isso começa com a seguinte frase: "Doutrina dos 12 apóstolos aos gentios".

O didakê é uma obra cristã antiga, não canônica e que possuem de fato algumas "interpolações" posteriores, como o uso da fórmula trinitariana, etc.

Porém, poucos autores destacam as raízes judaicas dessa respeitada obra da Igreja, segundo a Enciclopédia Judaica http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=341&letter=D&search=didache no referido verbete que debate esse assunto. O que me chama a atenção é que o referido verbete destaca que o Didakê é na verdade um antigo documento judaico de introdução aos prosélitos (gentios) à vida judaica, e que a referida obra foi adaptada pela Igreja Cristã a seu contexto. Isso é interessante, pois mostra novamente os vínculos profundos entre Igreja e Israel.

A adaptação de gentios a uma comunidade de discípulos majoritariamente de origem judaica não deve ter sido tarefa fácil, por isso decisões como as de Atos 15 e debates posteriores (como os preservados no Didakê), foram muito importantes para o acesso de não-judeus à comunidade de Israel (Ef 2).

Porém, minha ênfase refere-se a um trecho do didakê que diz o seguinte:

Cap. 6
2 - Pois, se puderes portar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não puderes, faze o que puderes.

3 - Quanto aos alimentos, toma sobre ti o que puderes suportar, mas abstém-te completamente das carnes oferecidas aos ídolos, pois este é um culto aos deuses mortos.



Observem o verso 2, o que quer dizer a expressão "portar o jugo do Senhor"? Lembro que o termo "jugo" (em grego (zygon) ζυγον e em hebraico (ol) על) está presente no Talmud, inclusive na Mishná do tratado Berachot 2a o que significa que tal expressão é muito antiga no judaísmo (com conotação religiosa), na referida mishná há menção de que um judeu ao mencionar a segunda parte do Shemá (Dt 6:4) deve tomar o "jugo do reino dos céus", por isso a incersão na referida oração da expressão "Bendito seja seu nome e seu Reino para sempre" (barúch shem kevod malchúto leolam vaed). A expressão "jugo do reino dos céus" é sinônimo de "jugo dos mandamentos".

Podemos inferir que "jugo do Senhor" é uma referência a Torá, observe que o didakê é um documento para os gentios na Igreja, vejam que não há a idéia de "imposição", mas que deixa em aberto o acesso ao "jugo da Torá" (se puderes) , lembro que a expressão "perfeito" no texto é a expressão grega τελειος (téleiós) correspondente grego da expressão hebraica תמים (tamim) que significa "ser completo" ou "íntegro" não tem a conotação ocidental de perfeição, o primeiro uso da expressão na Torá se refere a Noé (que justo e íntegro).

Interessante pois a similaridade do verso 3 com Atos 15 nos mostra a influência das leis noéticas.

Podemos, especular - para não dizer concluir - que a comunidade cristã dos primeiros séculos da Igreja, abria a possibilidade de obediência voluntária e submissão voluntária ao "jugo da Torá" aos gentios, orientado-os que estas leis devem ser obedecidas na medida que pudessem suportar. E que de alguma forma, há algum tipo de "qualificação" nessa obediência, algo do tipo Mt 5:19: "...aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus". Observem, que há uma "hierarquia" no Reino determinada pela obediência, mas o grau de obediência não exclui a priori o cidadão do Reino.

Vamos pensando...

Abraços,
Prof. Igor Miguel

terça-feira, 6 de maio de 2008

Almeida Corrigida....e Fiel ?

Shalom,

É incrível o esforço dos tradutores cristãos para justificarem sua doutrina da anulação da Torah. Chegam até mesmo a adulterar o sentido das escrituras !!! Vejam o que diz o texto das traduções mais comuns em I Jo 3.4:

"Qualquer que comete pecado transgride a lei; de fato o pecado é a transgressão da lei

Esse texto é a tradução mais fiel, porém, existe uma versão das escrituras chamada "Almeida Corrida e Fiel aos Textos Originais" ou simplesmente ACF. Qualquer pessoa de coração sincero e que busca a verdade, vai preferir essa versão às outras, porque teria, supostamente, o sentido mais correto das escrituras. Será mesmo ? Vejamos o que diz essa versão:

"Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade"

Segundo essa versão, aquele que peca comete iniqüidade, mas e daí ? Tem alguma novidade nisso ? Pecado e iniqüidade são praticamente sinônimos, e dessa forma o texto ficou mais do que vago. O que diz o texto grego de onde essa aberração foi traduzida ?

πας ο ποιων την αμαρτιαν και την ανομιαν ποιει και η αμαρτια εστιν η ανομια

pas ho poion ten amartian kai ten anomian poiei kai he amartia estin he anomia

O que significa "anomia" na bíblia ? Se "nomos" significa "lei", então "anomia" significa estar fora da lei, estar contra a lei, estar contra a Torah e não simplesmente estar em iniqüidade.

O verso que mais nos explica o que é pecado acaba se tornando um texto totalmente inútil do ponto de vista doutrinário simplesmente porque aqueles que pregam contra a observância da Torah traduziram com "iniqüidade", ou seja, com falta de "eqüidade", com falta de justiça. Falta de justiça porque traduziram conforme eles pregam, não conforme as escrituras ensinam.

Outros tradutores que traduziram o verso para o hebraico, captaram perfeitamente o sentido da frase:

והחטא הוא פשע בתורה

"...e o pecado é a transgressão da Torah."

A ACF é fiel a quem ? Só se for ao Vaticano....

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Yeshua ou Paulo ?

Shalom,

É muito comum em debates teológicos a respeito do cumprimento da Torah, os oponentes dessa visão buscarem contrariar até mesmo textos do Messias usando textos de Paulo, como se o Messias deles fosse o próprio Paulo. É muito conveniente esse tipo de atitude, afinal Paulo seria mais "bonzinho" que Yeshua, mas vamos ver o que o próprio Paulo diz de atitudes como essa:

"Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de HaMashiach. Acaso, HaMashiach está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo? Dou graças a YHWH porque a nenhum de vós batizei, exceto Crispo e Gaio; para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. Batizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se batizei algum outro."

I Coríntios 1.11-16

Segundo o próprio Paulo, esse tipo de atitude é totalmente condenável e errada, porque Paulo não é o Messias, mas sim Yeshua !!! Então o que devemos fazer com os escritos de Paulo ? Ignorá-los quando dão a impressão de contradizer a mensagem do Messias que disse que veio completar a Torah e não revogá-la ? Óbvio que não, mesmo porque Paulo nunca contradisse Yeshua, como as traduções cristãs mais comuns dão a entender.

O que devemos fazer então ? Devemos buscar harmonizar as palavras de Paulo com as palavras do Messias que estão perfeitamente harmonizadas com as palavras da Torah, a base de tudo. Yeshua disse no início do Sermão da Montanha:

"Não pensem que vim abolir a Torah ou os Profetas. Não vim abolir, mas completar. Sim, é verdade! Digo a vocês: Até que céus e terra passem, nem mesmo um yud ou um traço passará da Torah -- Não até que todas as coisas que precisam acontecer tenham acontecido. Portanto, todo o que desobedecer à menor dessas mitzvot (mandamentos) e ensinar outras pessoas a agirem da mesma forma será chamado 'menor' no Reino do Céu. Mas quem obedecer a elas e ensinar dessa forma sera chamado 'maior' no Reino do Céu!"

Mt 5.17-19

Estas são as palavras do Messias, agora vamos ver o que Paulo diz que supostamente contraria isso:

"Romanos 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça."

Bem contraditório, não ? Se o texto realmente quisesse dizer isso, deveria ser imediatamente rejeitado porque contradiz tudo o que o Messias disse, pois o Messias incentivou o cumprimento da Torah e exortou os que ensinam o contrário. Neste caso deveríamos escolher entre Yeshua ou Paulo, sendo um a completa antítese do outro.

Se o que Paulo falou é o correto, então Yeshua não é o Messias porque ensinou o oposto. Se o que Yeshua ensinou é o certo (parece que para alguns ainda restam dúvidas), então Paulo deve ser rejeitado pelo mesmo motivo. Mas será que Paulo ensinou mesmo o contrário de Yeshua no tocante à Torah ? Vejamos uma tradução baseada no contexto original judaico:

"Porque o pecado não terá autoridade sobre vocês; pois vocês não jazem sob o legalismo, mas estão debaixo da graça."

Romanos 6.14 (grifo meu)

Então na verdade não significa que não estamos mais sujeitos à Torah, mas sim ao legalismo que pode ser resultado de uma observância sem fé e sem amor, dos mandamentos da Torah. Vou citar um exemplo típico de legalismo:

Imagine um homem que é casado, mas passa a desejar outra mulher. Ele a vê na rua, no trabalho, alimenta fantasias com ela, etc. De noite, ele mantém relações sexuais com a esposa imaginando e fantasiando estar com a outra mulher.

Tecnicamente isso não é adultério, pois o adultério consiste em chegar às vias de fato, à relação física com outra pessoa que não o seu cônjuge. Mas esse é o cumprimento da Torah que o Eterno espera ? Veja o que é ensinado pelo Messias, o que ele quis dizer quando disse que veio "completar" a Torah:

"Vocês ouviram o que foi dito aos nossos pais: 'Não adultere'. Mas eu lhes digo: O homem que até mesmo olhar para uma mulher desejando-a ardentemente já cometeu adultério com ela em seu coração."

Mt 5.27-28

A Torah manda não adulterar, o que consiste, como já foi dito acima, em relação extra-conjugal. Só que na verdade esse entendimento das escrituras é muito tosco, é muito precário e primário. Yeshua então veio ensinar o verdadeiro significado do mandamento, que é o de nem mesmo desejar outra mulher, contente-se com a sua (ou nos tempos antigos, com as suas).

O exemplo acima é um exemplo típico de legalismo, ou o que o tradutor chama de "perversão legalista da Torah". Ou seja, a pessoa busca burlar a Torah sem de fato transgredí-la, mas sem saber porém que, ao fazer isso, já transgrediu a Torah. Isso é legalismo,e é isso o que significa "debaixo da lei" e "obras da lei", porque a Torah sem o espirito santo, pode levar a esse tipo de interpretação da lei, porque "a letra mata , mas o espirito vivifica" (II Coríntios 3.6), o que significa que, o que se torna algo morto pelo legalismo, ganha vida novamente através do espirito santo.

Este foi só um pequeno exemplo de como harmonizar possíveis contradições entre Yeshua e Paulo, ou entre "lei e graça". Como esse exemplo, existem muitos outros que podem ser vistos no decorrer nas escrituras, ao buscar-se o contexto original judaico das mesmas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pequeno Manual

Pequeno Manual de Refutações Contra Argumentos Anti-Judaicos

Introdução

Em primeiro lugar eu quero deixar bem claro que não existe interpretação correta das escrituras se essa interpretação não levar em consideração o background das escrituras, o seu contexto, o pensamento por trás de cada palavra, e como entendiam e criam os seus escritores. Sendo assim, toda interpretação nesse estudo que refutar as interpretações anti-judaicas, será baseada nas escrituras segundo o seu contexto original, o contexto judaico.

Qual é o contexto das escrituras ?

1 - Escritores

Todos os escritores da bíblia eram israelitas (incluindo Lucas que era um sírio convertido ao judaísmo, segundo Eusébio em “História Eclesiástica”), e portanto eles tinham um pensamento judaico. Criam segundo era ensinado no judaísmo, através dos rabinos e dos sábios judeus. Eles escreveram a respeito de um Ungido (heb. “Mashiach”, gr. “Khristos”), que era esperado dentro do judaísmo, pois foi revelada a sua existência, a partir do judaísmo:

Daniel 9:25 “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos”.

Essas escrituras eram estudadas no judaísmo anualmente (cada porção dos profetas é estudada após uma porção da Torah que é lida a cada shabat. Cada porção é lida uma vez por ano dentro de um ciclo anual de porções semanais) após um estudo da Torah nas sinagogas. Isso mostra que o conceito de “Messias / Cristo”, é puramente judaico, surgiu no judaísmo.

2 - Público Alvo

Quem era o público alvo dos escritores da bíblia ? Qual era o povo que sempre estava sendo instruído, exortado, guiado e ensinado pelo Eterno ? Era o Povo de Israel, o povo eleito pelo próprio Eterno em Avraham (Abraão), que gerou Yitzchaq (Isaque) que gerou Ya’akov (Jacó) que passou a se chamar Israel.

Então a bíblia foi escrita por judeus e para judeus, isso quer dizer que eles usariam uma linguagem que os seus leitores e ouvintes entenderiam, e o que os judeus entendiam ? Entendiam o judaísmo, entendiam a Torah, entendiam que o Eterno Se revelara a eles e entregou os seus oráculos a eles:

Rm 3.1,2 “Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus”.

Isso significa que o povo que entendia as coisas do Eterno era o povo judeu !!! Nenhum outro povo recebeu as revelações direto do Eterno. Nenhum outro povo recebeu a Torah, que foi escrita pelo dedo do próprio Eterno. Nenhum profeta era estrangeiro ou gentio (não-judeu), mas todos eram filhos de Israel. Então nós sabemos que os escritores da bíblia eram judeus, que escreveram para judeus na linguagem judaica, ou seja, o judaísmo.

3 - Judaismo

O judaísmo é uma religião formada a partir da fé monoteísta de Avraham (Abraão) em D-us. É uma religião de alianças, onde o próprio D-us faz alianças com os seus fiéis, sejam eles judeus:

Êxodo 6:4 “Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que habitaram como peregrinos”.

Ou sejam eles gentios:

Gênesis 9:9 “Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência

Essas alianças são imutáveis:

Gálatas 3:15 “Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa.

Então nada ou ninguém pode revogar essas alianças feitas pelo próprio Eterno com os homens. Uma das alianças que o Eterno fez com o povo judeu tinha como cláusula a obediência aos Seus mandamentos, de forma incondicional.:

Dt 11.26-28 “Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”

O Eterno não estipula um “prazo de validade” para Seus mandamentos ou para a própria aliança que Ele firmou com Israel, pelo contrário, em muitos mandamentos Ele diz que será “estatuto perpétuo”, ou seja, até a consumação dos séculos sem interrupção. Significa que até que o próprio Eterno diga o contrário, os mandamentos são válidos, e as alianças vigoram plenamente.

4 - Mashiach

Segundo as escrituras, o Eterno enviaria um homem que conduziria o povo de Israel segundo a vontade do Eterno (Dt. 18.15), faria a restauração espiritual de Israel (Is 53), herdaria o trono de David (1 Sm 7.12,13). Estas seriam as funções do Messias*, que segundo o judaísmo não é apenas um, mas dois, o primeiro, Mashiach ben Yossef (Messias filho de José, que cumpriria as duas primeiras profecias, e o Mashiach ben David (Messias filho de David), que reinaria sobre Israel). Para nós messiânicos, esses dois Messias são apenas um, mas em diferentes “fases” ou “vindas”. Cremos que Yeshua cumpriu a primeira parte das profecias a respeito do Messias, a parte destinada ao Mashiach ben Yossef, e retornará como Mashiach ben David para terminar de cumprir as profecias.

*Existem muitas outras profecias a respeito do Messias, porém não é objetivo desse artigo tratar desse assunto detalhadamente, mas sim resumido

Mas Yeshua era judeu ? Claro, e as escrituras atestam isso (Mt 1.1-17), foi circuncidado no oitavo dia como todo judeu (Lc 2.21), ou seja, Yeshua cumpria as alianças ordenadas pelo Eterno. O Messias deveria ser um cumpridor da Torah, como profetizou Moisés (“...um profeta semelhante a mim...”)

Então essa foi uma pequena introdução ao contexto judaico das escrituras, o qual é indispensável para uma correta interpretação das escrituras. Então agora vamos às refutações contra as doutrinas anti-judaicas criadas por conseqüência do afastamento desse contexto original.

Refutações


1º - Mt 5.17 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas. Não vim destruir, mas cumprir”.

Interpretação comum:

Yeshua não revogou a lei nem os profetas, mas ele os cumpriu, sendo assim, ninguém mais precisa cumpri-los pois Yeshua fez isso por nós.

Refutação:

Em primeiro lugar Yeshua em momento algum disse que ninguém mais precisa praticar a lei ou as palavras dos profetas, mas sim que ele veio dar pleno cumprimento a elas. É muito comum as pessoas usarem essa passagem para justificarem a “anomia” (doutrina que prega o afastamento da lei judaica), mas não conseguem interpretar esse versículo corretamente.

O que diz o restante do texto ?

Mt 5.18 “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra."

Então vemos que o texto diz algo completamente oposto do que diz a interpretação cristã mais comum para esse versículo. Vemos Yeshua dizendo que até que o céu e a terra passem, a Torah continuará válida até o fim dos tempos. Detalhe: a palavra para "cumpra" na frase "até que tudo se cumpra", não é a mesma utilizada por Yeshua quando ele disse que veio "cumprir" a lei e os profetas, veremos isso adiante. Vamos continuar no texto:

Mt 5.19 “Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.


Agora vemos que o próprio texto bíblico refuta essa interpretação completamente fora do contexto original das escrituras, pois quem ensinar que os mandamentos não são mais válidos, terá a devida punição, ou seja, a Torah e as alianças entregues pelo Eterno, continuam plenamente válidas.

Tradução

O texto grego traz a palavra “plerosai”, que foi traduzida como “cumprir”. Vejamos os demais significados da palavra grega “plerosai” segundo o léxico de Strong (o mais usado no mundo inteiro):

1) tornar cheio, completar, i.e., preencher até o máximo
1a) fazer abundar, fornecer ou suprir liberalmente
1a1) Tenho em abundância, estou plenamente abastecido
2) tornar pleno, i.e., completar
2a) preencher até o topo: assim que nada faltará para completar a medida, preencher até
borda
2b) consumar: um número
2b1) fazer completo em cada particular, tornar perfeito
2b2) levar até o fim, realizar, levar a cabo, (algum empreendimento)
2c) efetuar, trazer \a realização, realizar
2c1) relativo a deveres: realizar, executar
2c2) de ditos, promessas, profecias, fazer passar, ratificar, realizar
2c3) cumprir, i.e., fazer a vontade de Deus (tal como conhecida na lei) ser obedecida como deve ser, e as promessas de Deus (dadas pelos profetas) receber o cumprimento


Então vemos que o singificado mais utilizado para a palavra “plerosai” é “tornar cheio, completar, i.e., preencher até o máximo”. Então a melhor tradução para esse versículo seria:

Não penseis que vim destruir a Torah ou os Profetas. Não vim destruir, mas completar

Agora o texto concorda totalmente com o contexto original das escrituras, ou seja, Yeshua não veio para acabar com a lei, ou os profetas, não veio para levar Israel à apostasia, pelo contrário, ele veio trazer o sentido completo da Torah, em um momento em que o legalismo e a hipocrisia estavam desviando Israel da verdade (cumprindo as funções do Mashiach ben Yossef, que era conduzir Israel através da vontade do Eterno e restaurar espiritualmente Israel).

Já vi pessoas dizendo que quanto Yeshua diz "até que tudo se cumpra", ele está se referindo ao cumprimento da Torah e dos Profetas por ele, só que a palavra usada aqui tem um significado completamente diferente, vamos ver o significado da palavra "ginomai" (usada nessa frase):


1) tornar-se, i.e. vir \a existência, começar a ser, receber a vida
2) tornar-se, i.e. acontecer
2a) de eventos
3) erguer-se, aparecer na história, aparecer no cenário
3a) de homens que se apresentam em público
4) ser feito, ocorrer
4a) de milagres, acontecer, realizar-se
5) tornar-se, ser feito

Então a melhor tradução para a frase "até que tudo se cumpra", para evitar confusão deveria ser "até que tudo o que tiver de acontecer, aconteça".

Curiosamente, existem pessoas que atribuem a passagem de João 19.30, quando Yeshua toma o vinagre e diz: "Está consumado!" à passagem de Mateus 5.17-19, afirmando que ali se deu o cumprimento que Yeshua falou em "até que tudo se cumpra". Vou mostrar aqui que a palavra usada não tem nenhuma relação com a palavra utilizada em Mateus 5.18, pois a palavra usada aqui deriva da palavra grega "teleo", que significa:


1) levar a um fim, finalizar, terminar
1a) que passou, que finalizou
2) realizar, executar, completar, cumprir, (de forma que o realizado corresponda \aquilo
que foi dito; ordem, comando, etc.)
2a) com especial referência ao assunto tema, cumprir os conteúdos de um comando
2b) com referência também \a forma, fazer exatamente como ordenado, e geralmente
envolvendo a noção de tempo, realizar o último ato que completa um processo,
realizar, cumprir
3) pagar
3a) de tributo


Então temos três palavras diferentes, com significados diferentes, usadas em contextos diferentes, e por isso não têm nenhuma relação entre si.

2º - Mateus 12:8 “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado

Interpretação Comum

Yeshua é o senhor do sábado e por isso quem crê nele não tem de guardar o shabat como manda a lei.

Refutação

Vamos ver o texto completo:

"Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Yeshua pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. Mas Yeshua lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na Casa de D-us, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado"

Mt 12.1-8

O texto diz que os discípulos colheram espigas no shabat e os fariseus repreenderam Yeshua por isso. Não vemos em nenhum momento Yeshua dizendo que a partir daquele momento não teriam mais que guardar o shabat, mas sim que em certas ocasiões era permitido que alei fosse “quebrada”, como por exemplo quando David e seus homens comeram dos pães que só os sacerdotes podiam comer, pois tinham fome, tinham necessidade de se alimentar. Outro exemplo é que os sacerdotes “transgridem” o shabat para executar as tarefas no Templo. Da mesma forma os discípulos precisam transgredir o shabat para que se alimentassem.

Acontece que na Torah existe uma hierarquia de mandamentos ou seja, pode acontecer de um mandamento ser transgredido para que outro maior seja cumprido. Por exemplo, o caso da circuncisão no shabat: Caso o 8º dia de um menino judeu caia no shabat, ele deve ser circuncidado da mesma forma, pois o mandamento da circuncisão é superior ao mandamento da guarda do shabat. Então preservar a vida é mais importante do que guardar o shabat, e é por isso que os discípulos de Yeshua ficaram sem culpa por terem colhido espigas no shabat. Aqueles fariseus também sabiam disso, mas buscavam pega-lo em alguma armadilha.

Esse texto está imediatamente ligado ao texto seguinte que diz:

Tendo Yeshua partido dali, entrou na sinagoga deles. Achava-se ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram a Yeshua: É lícito curar no sábado? Ao que lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem. Então, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra.

Mt 11.9-13

Esse texto ilustra claramente o que eu disse acima, que um mandamento deve ser quebrado para o cumprimento de outro mais importante. Segundo a lei judaica, é lícito fazer o bem no shabat, mas o que é fazer o bem no shabat ? Coisas como comprar comida, comprar remédios, curar, salvar vidas, enfim, tudo o que estiver relacionado com a preservação da vida. E foi exatamente o que eles perguntaram: “É lícito curar no shabat ?” Todos eles sabiam que sim, só que mais uma vez queriam testar Yeshua, que respondeu com toda a sua sabedoria: “logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem”. Inclusive vemos em Lucas o inverso, Yeshua indagando eles se era lícito fazer o bem no shabat, salvar uma vida ou deixa-la perecer (Lc 6.9). Vemos que a reação daqueles fariseus a essa resposta foi a de conspirarem contra Yeshua por medo de tanta sabedoria e conhecimento da Torah do Eterno.

Outro versículo que frequentemente é usado para refutar a guarda do shabat é este:

No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.

Atos 20.7

Segundo a interpretação cristã, os discipulos se reuniam no primeiro dia da semana, e não mais no shabat como era costume deles enquanto judeus. O fato é que a expressão”primeiro dia” no idioma original quer dizer “imediatamente após o shabat”, ou seja, em uma cerimônia que termina o shabat, e o separa dos demais dias da semana. Prova disso é que o discurso de Sha’ul durou até a meia-noite, é muita incoerência pensar que Paulo pregou do domingo de manhã até à meia-noite.

Acontece que no calendário judaico, o dia começa no por do sol do dia anterior, por exemplo, o shabat começa no por do sol da sexta-feira, e o domingo começa no por do sol do shabat. Foi também nesse momento que Yeshua ressuscitou confirmando mais uma vez a santidade do shabat.

3º - Mt 15.11 “não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem.

Interpretação Comum

Yeshua falou que o que o homem come não o contamina, portanto ele aqui aboliu as leis alimentares.

Refutação

Na verdade o texto nem sequer fala sobre as leis alimentares. O contexto aqui é o não lavar das mãos antes de comer (tradição chamada de “netilat iadáim”). Yeshua quis dizer que não é porque o homem não lava as mãos antes de comer, que ele vai ser contaminado, porque é muito mais perigoso o que sai da boca do homem do que o que entra pela boca através de mãos que não foram lavadas. Basta ver o contexto específico do texto, e ver que esse texto não permite generalização.

Ainda nesse tema de kashrut (leis alimentares), gostaria de citar outro texto:

No dia seguinte, indo eles de caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu.

Atos 10.9-16

A interpretação cristã comum sobre esse texto é de que o Eterno purificou todos os animais e que por isso as leis alimentares estavam abolidas. Só que mais uma vez as escrituras esclarecem esse aparente problema. Alguns versosmais para frente, Kefá (Pedro) nos informa qual é a interpretação correta da visão que ele teve no terraço de Cornélio:

Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem. Falando com ele, entrou, encontrando muitos reunidos ali, a quem se dirigiu, dizendo: Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas D-us me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo;

Atos 10.26-28

Vemos que a visão que o Eterno deu a Kefá, nada tem a ver com kashrut, mas sim com preconceito que os judeus tinham com os gentios, a ponto de nem comerem na mesma mesa.

Vejamos este:

Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque D-us o acolheu.

Romanos 14.2,3

Por incrível que pareça, tem gente que usa esse texto para dizer que quem ainda observa as leis alimentares é “débil”. Aqui claramente fala sobre os vegetarianos que acham que se comerem carne estarão pecando ou coisa parecida.

Textos como:

Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos.”

I Coríntios 8.8

São “campeões de audiência” entre os que são tirados do contexto. O texto acima está inserido no contexto dos alimentos sacrificados aos ídolos (I Cor 8.1-11), uma recomendação dos apóstolos para os crentes gentios, para se absterem desse tipo de alimento. Sha’ul diz para não investigarem aprocedência do alimento, porém se souber que foi oferecido a ídolos, não se deve comer.

O texto diz também que nem todo alimento que é servido onde existe idolatria é oferecido a ídolos, mas deve-se evitar comer nesses lugares pois se um irmão que não tem esse conhecimento te ver comendo nesse lugar, vai ser levado a crer que se pode comer o que for contaminado com ídolos, e você o terá feito pecar.

4º - Gálatas 3.10-13 “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),

Interpretação Comum

Paulo pregava contra o cumprimento da lei, chamando a lei de maldita e amaldiçoando aqueles que estavam debaixo da lei. Cristo nos resgatou da maldição da lei, por isso quem cumpre a lei, é maldito.

Refutação:

O que Sha’ul (Paulo) fala aqui é a respeito do legalismo, e das obras do legalismo. O que é legalismo ? É o cumprimento da lei sem fé, e isso leva a cumprir a lei mecanicamente e a interpretações completamente pesadas e sem sentido da Torah. O legalismo é algo terrível, como podemos ver nos evangelhos. Por exemplo, imagine que alguém tenta “burlar” a lei sem trangredí-la.

O texto bíblico manda não adulterar, porém a pessoa mantém relações sexuais com seu cônjuge imaginando outra pessoa. Essa pessoa imagina assim não estar pecando, pois não adulterou de verdade. Isso é legalismo, pois a verdadeira interpretação do mandamento de não adulterar é explicado por Yeshua quando ele diz que até mesmo olhar para uma mulher com intenção impura, já adulterou.

A lei pode trazer maldição, mas ela é maldita ? De forma alguma !!! Como Sha’ul mesmo disse, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo, e bom. (Romanos 7.12).

Mas então o que é “maldição da lei” ? É a maldição pelo não cumprimento da lei. Como está escrito:

Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso D-us, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes

Dt 11.26-28

Então fica bem claro contra o que Sha’ul pregava: legalismo !!! O legalismo leva a um cumprimento incorreto da Torah, e o cumprimento incorreto é a mesma coisa que a transgressão da lei, e a transgressão da lei traz a maldição.

Outro texto muito usado é:

"De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio."

Gálatas 3.24,25

A palavra "aio" quer dizer "tutor". O único caminho que o homem tinha para seguir era o cumprimento da Torah. Ora, a Torah mostra o quanto o homem é falho, pois sendo um espelho do caráter de D-us e reflexo de Sua santidade, o homem consegue enxergar as suas limitações, e isso nos leva ao Mashiach (Messias), que com sua obra cobre todas as nossas limitações perante o Eterno, e por isso agora não precisamos mais morrer por causa da transgressão da Torah que é natural ao homem, pois somos justificados pela fé em Yeshua que apaga essas transgressões, porém a Torah é santa, e o mandamento, santo, justo, e bom; e segundo o próprio Eterno, é perpétuo. Então não mais nos justificamos no cumprimento da Torah, porém ainda devemos obedecê-la. Por que ? Porque ela nos mostra o que é pecado aos olhos do Eterno:

1 João 3:4 "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei."

O próprio texto bíblico mostra que Sha’ul, como um judeu e fariseu (Fp 3.5) cumpria a Torah e seguia a tradição dos antepassados:

Uma vez em Roma, foi permitido a Paulo morar por sua conta, tendo em sua companhia o soldado que o guardava. Três dias depois, ele convocou os principais dos judeus e, quando se reuniram, lhes disse: Varões irmãos, nada havendo feito contra o povo ou contra os costumes paternos, contudo, vim preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos;”

Atos 28.16,17

E

Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;”

Romanos 7.22

Ainda:

Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo

I Timóteo 1.8

E também:

"No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e todos os presbíteros se reuniram. E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério. Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei; e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei. Que se há de fazer, pois? Certamente saberão da tua chegada. Faze, portanto, o que te vamos dizer: estão entre nós quatro homens que, voluntariamente, aceitaram voto; toma-os, purifica-te com eles e faze a despesa necessária para que raspem a cabeça; e saberão todos que não é verdade o que se diz a teu respeito; e que, pelo contrário, andas também, tu mesmo, guardando a lei."

Atos 21.18-24

Entre muitos outros versículos. Sha’ul também pregava contra a imposição das leis de Moisés para os gentios, além também de pregar contra a justificação pela lei. A lei não salva, mas não cumprir a lei por rebeldia, traz maldição. E as escrituras ainda dizem que o pecado é a transgressão da Torah (I Jo 3.4), como podem então pregar contra o cumprimento da Torah se o pecado é a transgressão da Torah ?

Então vemos que na verdade existe a pregação contra o legalismo e contra a imposição da lei para os gentios, como nos é informado em Atos 15. Resumindo, a pregação de Paulo é a seguinte: Judeus vivam como judeus crendo em Yeshua e cumprindo as alianlas perpétuas firmadas pelo Eterno, e gentios vivam como gentios observando as leis de Atos 15 e crendo em Yeshua.

Não deve haver discriminação entre os judeus e os gentios crentes em Yeshua, pois um gentio que observa o que foi ordenado em Atos 15 é tão justo quanto um judeu que observa os mandamentos ordenados no Sinai. Não há judeu e nem gentio no que diz respeito ao acesso ao Eterno, e à salvação, porém cada um deve cumprir o ser papel, os judeus devem cumprir o papel de judeus entre os judeus, e os gentios devem cumprir o papel que o Eterno lhes atribuiu entre as nações.

5º - Mt 11.13 "Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João."

Quem lê esse versículo de forma isolada, tem a impressão de que quando chegou Yochanan haMatbil (João o batista), a Torah e os profetas se tornaram obsoletos. Na verdade o texto quer dizer que chegaram com poder e força até João, sendo até então as únicas revelações e fontes de informações sobre o Eterno, mas então as boas-novas começaram a ser proclamadas. No texto do "Novo Testamento Judaico" (tradução do texto grego do Novo Testamento que restaura o contexto judaico das escrituras), está escrito:

"Até o tempo de Yochanan, havia a Torá e os Profetas. Desde então, foram proclamadas as boas-novas do Reino de Elohim, e todos tentaram forçar sua entrada nele."

O texto reforça a explicação que foi dada acima, de que a idéia a ser passada é a de que somente haviam a Torah e os Profetas até que Yochanan chegou, pois a partir desse momento as boas-novas foram anunciadas.

No mais, eu recomendo uma pesquisa que trace paralelos entre o Talmud e o Novo Testamento, para que vejam que existem muitas semelhanças entre os dois.

Eu espero que esse artigo ajude a esclarecer alguns pontos do contexto original das escrituras e que ajude a enxergar, por trás de tanta névoa, o Yeshua judeu, rabino, fariseu, que amou a Torah e a ensinou corretamente, repreendendo os seus iguais, aos que eram mais próximos a ele, e instruíndo o povo a ouvir e a obedecer às palavras dos rabinos (Mt 23.1-3).

Shalom

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Crer em D-us

Shalom,

Eu vejo pessoas falando na rua, ou ne televisão, revistas, jornais, etc, que crêem em D-us, mas o que é crer em D-us ? Crer em D-us é somente acreditar que Ele existe ? No sentido literal, sim, mas no sentido bíblico, não !!! Yeshua disse que a vida eterna é crer que D-us é o Único e Verdadeiro D-us e que Ele enviou Yeshua haMashiach (Yochanan - João 17.3).

Crer em D-us implica em uma série de coisas, como crer que Ele mostrou o que espera da humanidade, crer que Ele deu ordens para os humanos, e crer que Ele quer que os homens cumpram essas ordens. Muitas pessoas que dizem crer em D-us pensam da seguinte forma:

"Eu creio em D-us, creio que Yeshua é o Mashiach, então eu tenho a vida eterna !!!"

Mas esse "crer em D-us" significa apenas que essa pessoa crê na existência de D-us. Ora, como disse Ya'akov haTzadik (Tiago o Justo), até mesmo os demônios crêem na existência de D-us (Tiago 2.19), e digo mais, até os demônios sabem que Yeshua haMashiach foi enviado por D-us (Marcos 5.1-7), então segundo a concepção dessas pessoas, os demônios têm a vida eterna (D-us não o permita!).

Como eu disse acima, crer em D-us não é apenas acreditar na existência Dele, mas também crer em toda a Sua obra durante os séculos. Isso inclui crer nas escrituras, crer que D-us deu a Torah para os homens, crer que todos os homens têm a sua porção da Torah para ser cumprida com amor a D-us e amor ao próximo, sem o qual o cumprimento da Torah é inútil (Mt 22.36-40).

E também crer que Yeshua foi enviado por D-us, não é apenas saber isso, mas também ter a consciência de que Yeshua nos ensinou a forma correta de cumprir a Torah:

"Não penseis que vim destruir a Torah ou os Profetas. Não vim destruir, mas completar."

Mt 5.17 - Novo Testamento Judaico

Yeshua nos deu o sentido completo da Torah, e aceitar e viver conforme essas palavras, é crer que Yeshua foi enviado por D-us. Yeshua também morreu por nossos pecados, e intercede por nós a cada tropeço nosso (I Yochanan 2.1,2).

Então amados, esse é o conceito bíblico de crer em D-us como o Único e Verdadeiro D-us, e em Yeshua haMashiach como o enviado de D-us. Não adianta crer conforme nossos próprios conceitos, por isso fiquemos com as palavras do próprio Mashiach:

"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva."

Yochanan 7.38

Então, quando perguntarem a vocês, se vocês crêem em D-us e em Yeshua, reflitam nesse conceito segundo as escrituras, e então você pode dizer se sim ou se não.

Shalom

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Evangelismo ou Proselitismo ?

Shalom,

É ordem do Mashiach espalhar as boas-novas entre as nações, começando pelos judeus e depois partindo para as outras nações. o que significa boas-novas ? Boas-novas era a notícia de que um novo rei havia se levantado na nação de Israel, e até que essa notícia corresse por todos os lugares de Éretz, ele não poderia reinar, mas assim que todas as partes do país tivesse tomado conhecimento do novo rei, ele poderia assumir o seu reinado. O que mais me preocupa é a forma como as boas-novas está sendo espalhada. Vejo algumas pessoas fazendo literalmente de tudo para que isso seja cumprido, mas taé que ponto isso esta correto ? Eu cheguei a ver uma pessoa que se fingiu de satanista para ir evangelizar os satanistas.

Não sei o que levou essa pessoa a fazer isso, mas provavelmente foi o seguinte texto de Rav Sha'ul haShaliach que diz:

"Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele."

I Coríntios 9.19-23

Quem lê esse texto e não se detém nele, e não o encaixa no contexto original judaico, pode facilmente se comportar conforme o caso citado, porém, vamos ver outra leitura desse texto conforme o contexto correto:

"Porque apesar de eu ser um homem livre, fiz-me escravo de todos, para ganhar tantas pessoas quanto possível. Isto é, com os judeus coloquei-me no lugar de um judeu, a fim de ganhá-los. Com as pessoas sujeitas à perversão legalista da Torah, coloquei-me no lugar de alguém sujeito ao legalismo, a fim de ganhar os que se encontram sob o legalismo, ainda que eu mesmo não esteja sujeito à perversão legalista da Torah. Para os que vivem fora do contexto da Torah, coloquei-me no lugar de alguém alheio à Torah a fim de ganhar os alienados da Torah --- apesar de eu mesmo não estar de fora do contexto da Torah divina, mas no contexto da Torah afirmada pelo Messias. Com os "fracos", tornei-me "fraco", a fim de ganhá-los. Lidei de formas diferentes com pessoas diferentes, a fim de que em todas as circunstâncias eu pudesse salvar ao menos algumas delas. No entanto, tudo faço pela recompensa das boas-novas, para poder partilhá-las com quem vier a confiar (crer)."

Esta é a versão do "Novo Testamento Judaico", que foi traduzido do texto grego pelo Dr. David Stern, que buscou o contexto judaico em cada texto. Bastante diferente, não ? Mostra Sha'ul agindo de várias formas sem deixar de ser judeu, cumpridor da Torah. Já vi muita gente utilizando esse texto para dizer que o cumprimento da Torah nada significa, ou até mesmo para tentar desacreditar Sha'ul como um judeu cumpridor da Torah, acusando-o de ser um helenizado que pregava a apostasia à Torah, e acho que esse texto esclarece muitas coisas.

Quando Sha'ul diz que ele colocou-se no lugar de alguém alheio à Torah, não significa que ele deixou de cumprir a Torah só para evangelizar aos gentios, mas sim que ele falou com os gentios de uma forma que os gentios que não conheciam a Torah, entendessem. O que adianta agluém chegar para alguém que nunca soube da existência da Torah, e começar a falar de várias leis, mandamentos, estatutos, etc ? Essa pessoa vai ficar "boiando".

Quando ele diz que tornou-se "fraco" com os "fracos", o que será que ele quis dizer ? Utilizando o nível "Drash" (investigação) da hermenêutica judaica, nível esse que consiste em procurar textos nas próprias escrituras que explicam outros textos, encontrei o seguinte:

"Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos. Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu."

I Coríntios 8.9

Então agora podemos entender o que Sha'ul considerava como alguém "fraco", que é aquele que é induzido facilmente, observando o exemplo que Sha'ul citou. Se alguém que é induzido facilmente e não tem o conhecimento das escrituras que você tem, te ver comendo em um templo idólatra, certamente vai ser levado a pensar que não há nada errado em comer comidas sacrificadas aos ídolos, quando na verdade é proibido.

Vejam bem, Sha'ul advertiu que não devemos perguntar a procedência dos alimentos, se foram ou não oferecidos aos ídolos, pois se foram, e alguém comê-los sem saber, nada vai acontecer, mas se soubermos que foram, então não devemos comer para não transgredir uma mitzvá (mandamento). Nem tudo o que os idólatras fazem é oferecido aos ídolos, mas tem gente que não tem essa consciência, então devemos tomar cuidado para não induzir essas pessoas a um entendimento errôneo das nossas atitudes. Isso é se tornar fraco para com os fracos.

Então eu volto na questão central do tópico que é:

Vale tudo para evangelizar as outras pessoas?

A resposta é NÂO !!! O que vale é agir de acordo com a Torah, conforme foi explicada pelo Mashiach, conforme vemos nas escrituras, então essa pessoa que se fingiu de satanista para evangelizar os satanistas, está pecando, pois imagine se Yeshua se fingiria de um adorador de hasatan para tocar os corações dos satanistas. Isso é loucura !!!

Agora eu gostaria de abordar um outro lado dessa questão, que é o desrespeito que algumas pessoas têm ao evangelizar. Não são raros os casos dos "Jews for Jesus" (judeus e descendentes de judeus evangélicos) que ficam nas portas das sinagogas tradicionais entregando panfletos que falam de Yeshua. Isso é um tremendo desrespeito porque além de queimar o movimento judaico-messiânico (porque eles são batistas, e não seguem o judaísmo como os judeus messiânicos, mas sim o cristianismo), eles acabam por levar judeus a crerem em doutrinas que não condizem com as escrituras, e a afastarem os judeus da Torat Emet (Torah Verdadeira).

Quando Yeshua mandou espalhar as boas-novas, ele ordenou que se fizessem discípulos. Um discípulo vivia como seu mestre (e com o mestre), falava como ele, pensava como ele e agia como ele. Não é só parar uma pessoa na rua e falar:

"Jesus morreu por você, ele se sacrificou, e derramou seu sangue para a remissão dos pecados de cada um".

Tudo isso é verdade, mas não é só isso !!! Está faltando alguma coisa, está faltando o discipulado. Discipular um gentio não significa que ele deve cumprir a Torah de Mosheh obrigatoriamente como Yeshua fazia. Não !!! É ensinar ao gentio que ele deve ter o compromisso com asua porção da Torah da mesma forma que Yeshua tinha compromisso com a porção da Torah que lhe cabia.Vamos buscar nas escrituras a forma correta de evangelismo. Proselitismo, não é evangelismo. Eu já expliquei o que são as boas-novas no começo do tópico, então vamos ter essa consciência e assim espalhar o reino de Yeshua.

Shalom

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Morar na Terra

Shalom

Esse pequeno estudo eu postei em uma comunidade do Orkut sobre "Judaísmo Messiânico", e achei interessante postar aqui.

Muitos crêem e pregam que Yeshua, antes de seu retorno à Terra, faria uma visita "extra-oficial", para arrebatar a igreja e assim poupá-la da "Grande Tribulação". Esse arrebatamento se daria de uma forma secreta e repentina, sendo que ninguém mais iria ver o evento acontecer.

Dentro dessa crença, as opiniões se dividem, alguns crêem que a igreja depois de arrebatada viverá para sempre no céu, outros crêem que a igreja será arrebatada, mas que depois voltará à Terra.Existem outros que dizem que Yeshua faria essa visita durante a tribulação, e que a igreja enfrentaria a metade mais "light" da tribulação. Existem ainda os que dizem que a igreja enfrentará toda a tribulação, sendo arrebatada no final dela.Existem os que dizem que o governo milenar de Yeshua, descrito em Apocalipse 20, será no céu, e os que dizem que será na Terra.

O fato é que todas essas opiniões têm algo em comum: A igreja vai para o céu, seja para passar uma "temporada", ou seja para viver eternamente.Bom, para o judaísmo isso é uma tremenda heresia, pois as escrituras dizem que o céu é o Trono do Eterno (Is 66.1), então ninguém pode habitar no céu pois é o trono do Eterno. As escrituras também dizem:

"Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz."

Salmo 37.11

E dizem também:

"Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre"

Salmo 37.29

As escrituras também falam que teremos, cada um de nós, uma porção da "Etz Chaim" (Árvore da Vida):

"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas."

Apocalipse 22.14

"e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro."

Apocalipse 22.19

Mas será que a Árvore da Vida fica no céu ? Vejamos o que dizem as escrituras:

"Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro. O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe. O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates."

Gênesis 2.9-14

Sabemos onde ficam os rios Tigre e Eufrates, e esses rios não ficam no céu, pois ficam no Oriente Médio:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/06/Tigr-euph.png

Então, a Árvore da Vida não fica no céu, mas sim na Terra. E para concluir essa parte, vou cidar outra vez as escrituras, que falam que a Nova Jerusalém descerá para a Terra:

"Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome."

Apocalipse 3.12

E:

"Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo."

Apocalipse 21.2

Então vemos que os salvos viverão eternamente na Terra, que será restaurada ao seu estado original, conforme o idioma hebraico atesta a citação que Yochanan fez de Yeshayahu (Isaias) 65.17, onde o Eterno diz que cria novo céu e nova terra, a palavra para "novo" (חדש - "chadash") também significa "renovado".

Agora vou demonstrar que o reino milenar de Yeshua será na Terra:

"Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu."

Apocalipse 20.6-9

De onde as escrituras dizem que sairá fogo ? Do Céu, se o fogo sairá do céu, então ele vai para outro lugar, e que lugar é esse ? O próprio texto responde: "Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu."A cidade querida é Yerushalaim (Jerusalém), para onde o exército reunido pelo adversário contra os santos (Yeshua e aqueles que reinaram com ele) marcharam sobre a terra.

Então amados, o homem nunca habitará no céu, nem passará uma temporada céu, os mesmos que pregam essas coisas, pregam que o adversário tentou um dia se assentar no trono do Eterno e por isso foi expulso do céu. Ora, as escrituras dizem, como eu já mostrei, que o céu é o trono do Eterno, então o homem, rejeita a habitação dele criada pelo próprio Eterno e almeja se assentar no trono do Eterno. Simplesmente um absurdo.

O milênio será na Terra, a eternidade também será na Terra, e a própria Shekhinah estará conosco na Terra. Portanto, a idéia de morar no céu, é heresia.

Shalom

domingo, 6 de janeiro de 2008

O Nome do Mashiach

Shalom,
Em minhas participações nas comunidades do Orkut, me deparei com o seguinte artigo:

"Muito se tem discutido ultimamente sobre o real nome de "Jesus", o messiânicos tendenciosamente sem o mínimo de embasamento dizem que o nome dele é Yeshua, é claro pois esse nome em hebraico quer dizer salvação, mas como a pouco foi dito não há provas que o nome de "Jesus" tenha sido Yeshua, então qual teria sido seu nome?Para resolvermos esta questão teremos que recorrer a fonética, e aos escritos onde o nome dele é falado no original. A única fonte hebraica que provavelmente se refere a Jesus de Nazaré é o Talmud, que relata sobre um tal Yeshu HaNotzri, traduzido com unanimidade por Jesus o Nazareno, muitos alegam que o nome Yeshu é um acronimo que significa Yemach Shemô Vezichrô (Seja apagado seu nome e sua memória), é óbvio que o acronimo existe,mas foi inventado muito depois na idade média em cima de um nome já existente ou seja Yeshu.Então podemos constatar que a única fonte hebraica que fala de Jesus o chama de YESHU.Temos também os Peshitas (NT Orientais), no qual o nome de Jesus é escrito como YESHU. em siriáco o nome de Jesus também é Yeshu, mas e Quanto ao grego?No Grego temos a transliteração IESUS, no qual o "S" final é mudo, quem tem a mínima noção de grego sabe que a pronuncia é YESSÚ, como os gregos não tem nenhum fonema parecido com "SH" usaram o "SS" para transcrever, portanto percebe-se que YESSÚ é derivado de YESHU e não de Yeshua.No latim ocorre as mesmas caractéristicas gregas onde o nome IESVS é pronunciado YESSÚ, também derivado de Yeshu.Aqui temos como exemplo um arcebispo Sírio de Nome Julius Yeshu http://www.zindamagazine.com/html/archives/2005/11.2.05/index_wed.php sabemos que nenhum bispo cristão usaria esse nome se isso fosse realmente uma ofensa.

Como outra prova temos um hino de cristãos indianos, onde o nome "Jesus" também é Yeshu (Até hoje) comprovem: http://br.youtube.com/watch?v=sbBXZldSFgENinguém tem a obrigação de saber grego ou hebraico ou qualquer outra língua que não seja a materna, mas usemos a lógica:GREGO: Ιησούς (Yessú) deriva de Yeshu ou Yeshua?LATIM: IESVS (Iessú) deriva de Yeshu ou Yeshua?Aqui uma língua africana que não consegui identificar (creio que seja na àfrica do Sul) chamando-o de Yessu http://br.youtube.com/watch?v=DlC19bGm1KE, Siriaco, Hindu, Hebraico, Hindu o nome é YeshuEntão diante de todas essas provas fáceis de averiguar eu pergunto:DE ONDE OS CRISTÃOS MESSIÂNICOS ACHARAM O NOME YESHUA? (EXPLIQUEM POR FAVOR)
DAVI "

Sim, eu vou explicar !!!

Em primeiro lugar não é verdade que não temos base para afirmar que o nome do Messias seja "Yeshua" e eu vou mostrar o porquê. Primeiro porque os manuscritos aramaicos mais antigos trazem o nome escrito com as seguintes letras: yud - shin - uau - ayin, que dependendo do dialeto aramaico, pode ser pronunciado das seguintes formas:

- Yisho'
- Yishu'
- Yeshu'
- Yishu'a

Então já começamos a ver que temos base para a pronúncia "Yeshua", pois seria uma variante da pronúncia "Yishu'a". Também não nego que ele poderia ter sido chamado de "Yeshu'" em algumas regiões de Israel, porém agora eu vou demonstrar que o mesmo nome escrito nos manuscritos aramaicos da Nova Aliança, também é escrito nos textos aramaicos do Tanakh, como é o caso do "Tanakh Peshitta", uma tradução aramaica do Tanakh.

No Tanakh Peshitta, no versículo 17 de Nehemyah (Neemias) 8, quando diz:

"...os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria."

Traduziram "de Josué, filho de Num" como ܕܝܫܘܥ ܒܪܢܘܢ - "d'Yisho' / Yishu' / Yeshu' / Yishu'a bar Nun" e o texto hebraico no mesmo versículo traz ישוע בן-נון - "Yeshua bin-Nun". Ora, esse texto em hebraico foi escrito depois do retorno de Israel do cativeiro babilônico, um local onde se falava o aramaico, então o texto do Tanakh Peshitta não fez nada aqui senão trazer o nome de "Josué" de volta à forma aramaica como era conhecido no cativeiro.

Portanto, se o nome de "Josué" é escrito em aramaico do mesmo modo que o nome do Messias, e sua forma escrita no hebraico é "Yeshua", então temos base sim para chamar o próprio Messias de Yeshua.

No mesmo artigo, depois de alguns posts, encontra-se o seguinte argumento:

"aliás Yeshua Ben Yotzadaq o Cohen Gadolé traduzido como JESUÁ nas biblias cristãs, prova que ali existe um "Ayn" inexistente no nome YESHU de JC"

Mentira !!! Segundo o manuscrito aramaico mais antigo que existe, datando de 165 da Era Comum, o nome de Yeshua tem sim a letra ayin, e eu posso provar:

http://aramaicbible.us/Khaburis/index-74.shtml

A 3ª palavra escrita da direita para a esquerda, traz o nome de Yeshua em aramaico, precedido da letra "dalet" que funciona como uma preposição "de":

ܕܝܫܘܥ - Yisho' / Yishu' / Yeshu' / Yishu'a

A última letra desse nome é o "ayin", e portanto pode ser equiparado a Yeshua ben Yotzadaq, pois é escrito da mesma forma.

Depois de provada a nossa base bíblica para chamarmos o Messias de Yeshua, chegou a hora de desfazer uma mentira que surgiu na era medieval. O Talmud nunca escreveu nada acerca de Yeshua ben Yossef, a quem chamamos de Messias. Existem vários homens que se chamam "Yeshu" no Talmud, mas nenhum deles se refere ao nosso Messias, como todos podem ver através desse artigo muito bem escrito pelo rabino nazareno Sha'ul Bentsion:

http://toratyeshua.blogspot.com/2007/08/o-talmud-x-yeshua.html

Shalom