terça-feira, 28 de agosto de 2007

Halakhá - 1ª Parte

Fazendo Halakhá Judaico-Messiânica (1ª Parte)
Por Joseph Shulam
Traduzido e adaptado por Yossef ben Yehudah


A palavra “Halakhá” vem da palavra hebraica para “caminhar”. É um termo técnico usado para as regras que governam a vida religiosa judaica. O termo “halakhá” é um antigo termo que já é refletido no Novo Testamento especialmente nas cartas de Paulo. Paulo usa a palavra “caminhar” de alguma forma em quase todas as suas cartas. A palavra “caminhar” introduz instruções práticas como o caminho para o qual os messiânicos deveriam caminhar e conduzir suas vidas. A seguir veremos alguns exemplos disso:

Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” Lucas 1.6

e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei.” Atos 21.21

Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes;” Romanos 13.13

Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado. É assim que ordeno em todas as igrejas.” I Cor 7.17

Existem muitos mais exemplos do uso desse termo “caminhar” no contexto de “halakhá”, mas eu me satisfarei com esses citados acima. Para os mais diligentes, eles podem checar suas concordâncias ou observar as passagens listadas nos rodapés.

Nessas passagens parece haver uma clara indicação que na igreja do primeiro século havia halakhá messiânica sendo feita, e que era chamada exatamente ou até de forma semelhante a “caminhar”. Nós encontramos regras criadas pelos apóstolos que não eram identificadas como “caminhada”. Até mesmo nessas está claro que uma “regra” ou uma “ordenança” está sendo legislada para as igrejas observarem. Os apóstolos entenderam das palavras de Yeshua em Mateus 16.19, que eles tinham o direito de “ligar” e “desligar” na Terra. As palavras de Yeshua são claras apenas no contexto judaico de “fazer halakhá”. A autoridade dada aqui por Yeshua aos apóstolos que qualquer decisão que eles tomem na Terra, seria aceita no céu e viria a ser “ligada” no Céu. Essa é exatamente a mesma autoridade que os rabinos tomaram para eles mesmos. Há um famoso estatuto no Talmud que, “Tudo o que os rabinos liguem, será ligado no Céu, e tudo o que o Santo, Bendito seja Ele ligar pelos rabinos, eles têm autoridade para desligar”. Embora nesse caso pareça que os rabinos exageraram em sua autoridade, o princípio é o mesmo. Yeshua parece ter dado aos apóstolos o direito de fazer “halakhá” pela sua autoridade.

Esse princípio era o princípio guia que conduziu ao estabelecimento do “Direito Canônico” que é apenas outro nome para “halakhá”. E, claro que, isso conduziu ao estabelecimento da Igreja Católica em Roma.

Um dos maiores princípio do desenvolvimento de halakhá no judaísmo e que faltou seriamente quando os “cristãos” fizeram halakhá, é a estrita aderência ao texto da Torah de acordo com as regras exegéticas de interpretação. As discussões entre os rabinos em cada ponto e, de fato, em cada letra, manteve o desenvolvimento de halakhá uma tarefa muito séria e trabalhosa e longe das atitudes de uma “ex-cátedra” ditatorial que prevaleceu na igreja.

Isso me traz à discussão do Movimento Judaico-Messiânico hoje e a necessidade de uma halakhá judaico-messiânica.

1. Neste tempo em nossa história, como um movimento, nós não temos herança e nem equipamento para fazer halakhá. Fazer halakhá é algo que nós teremos que desenvolver com muito cuidado.

2. Nós ainda estamos divididos de acordo com as tradicionais linhas denominacionais cristãs. Fazer halakhá poderia servir para nos dividir ainda mais se fizéssemos isso rápido demais.

3.Nós temos muito pouca integridade de acordo com os olhos da comunidade judaica e de acordo com os olhos de nossos irmãos cristãos.

4.Nós não temos homens que tenham grande respeito em ambas as comunidades (judaica e cristã) que poderiam trazer uma larga aceitação de decisões halákhicas que poderiam ser tomadas.

5.Nós temos muito pouco conhecimento da Torah e Judaísmo, e nossa integridade como um movimento judaico é questionada por judeus e cristãos. Tomar para nós mesmos uma tarefa como fazer halakhá poderia parecer para muitos como mais um golpe para a nossa integridade e teologia.

6.Nós ainda recebemos dinheiro de igrejas gentílicas e que nos faz suspeitos de sermos “subornados” em nossas opiniões.

7.Nós temos necessidades que são muito urgentes, e a situação é como um dente infectado. A pessoa não faz halakhá na urgência de uma infecção. Nós temos que fazer halakhá quando formos desvinculados de políticas internas e jogos de poder o máximo que pudermos.

8.Nós não queremos causar mais divisão criando “regras de conduta” que somente uma minoria vai observar e manter. Os outros farão o que os convém e dá prazer.

9.A maioria dos membros do Movimento Judaico Messiânico não zelam pelo judaísmo e muito menos pela halakhá já escrita claramente nas escrituras porque eles se preocupam sobre o que alguns líderes decidiram “ligar” para eles.

10.Não queremos fazer nossas próprias regras e regulamentos que vão nos afastar do povo de Israel. Não há nada que nos fará tornar uma seita mais rápido do que criar nossas próprias regras e regulamentos em conflito ou em oposição à tradição judaica. Nós não podemos “ligá-los” às pessoas, judeus e gentios no meio messiânico, coisas que nos separararão ainda mais da comunidade judaica. É fato que a maioria no meio messiânico nos Estados Unidos [e Brasil] são não-judeus, que tipo de halakhá nós faremos sobre essas pessoas ?

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