Teologia Judaico-Messiânica
Por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por haTalmid
A palavra “Torah” tem vários significados. Pode representar os primeiros cinco livros da Bíblia. Ou de uma forma geral representar toda a escritura hebraica, incluindo os profetas e os escritos. Para os judeus rabinistas, significa tudo o que já foi ensinado pelos rabinos. Mas Torah pode também representar a aliança que D-us fez com o povo de Israel depois do Êxodo. Os termos para essa aliança estão registrados no Pentateuco. Arqueólogos têm aprendido que nos tempos antigos, impérios expandiram-se fazendo alianças com os paízes vizinhos que eles conquistavam. O rei conquistador dizia ao povo conquistado – Vocês merecem morrer porque vocês são meus inimigos e transgrediram as minhas regras. Mas eu estou oferecendo a oportunidade de viver fazendo uma aliança com vocês. Essa aliança traz uma série de leis que se vocês obedecerem e se forem fiéis à aliança, vocês viverão. Se vocês quebrarem as leis, serão punidos. Se vocês quebrarem a aliança, vocês perderão seus direitos de viver. A aliança no Sinai é essencialmente como uma aliança de graça. D-us é o Rei e Imperador. Ele concede uma aliança para o povo de Israel pela qual ele pode viver. Ele diz “Por que você morreria oh Israel, escolha a vida”. A aliança do Sinai é uma aliança de graça. O termo “graça” aparece muitas vezes no Pentateuco (embora não esteja traduzida dessa maneira nas bíblias em português). Uma de minhas expressões favoritas é onde D-us se declara “O Guardião da Aliança e da Graça”.
A palavra hebraica CHESSED ( חסד ) significa “graça” como qualquer pessoa que olhar um dicionário de hebraico pode constatar. Porém eu acho que a mais importante evidência para esse fato é a “Tradução Hebraica do Novo Testamento” que frequentemente traduziu a palavra grega que significa “graça” para essa palavra hebraica. As traduções em português do Antigo Testamento seguiram tradicionalmente uma tradução da Septuaginta que constantemente traduz a palavra hebraica que significa “graça” para “misericórdia”. Então a tradução grega do Antigo Testamento sempre tem “misericórdia” e nunca tem “graça” em seu sentido teológico. Eu não conheço latim, portanto eu posso apenas imaginar que isso também aconteceu com a Vulgata Latina. E ainda acontece com todas as traduções em português até às mais modernas como a NVI. Porém eu digo que na Tradução Hebraica do Novo Testamento mostra que nesse Antigo Testamento a palavra significa “graça”.
Graça no Antigo Testamento pode estar te confundindo, já que João disse “A Torah veio por Moisés mas a graça e a verdade vieram por Yeshua o Messias”. Muitas pessoas entendem isso como uma sequência de eventos, mas já que lemos que “graça” foi muito presente no Antigo Testamento, nós entendemos que os dois são simultâneos, que foi Moisés quem entregou a Torah ao povo de Israel como um servo do Senhor, mas que Yeshua o Messias, em seu estado “pré-encarnado” foi que trouxe a graça e a verdade para aqueles de Israel que creram. Em Gálatas 3.15 Paulo explica que até com alianças entre os homens, depois que uma aliança é ratificada ninguém pode vir com outra aliança e mudá-la ou cancelá-la. Ele aplica essa regra à relação entre a Aliança Abraâmica e a Aliança Sinaítica. Mas também aplica à relação entre a Aliança Sinaítica e a Nova Aliança. A Nova Aliança não cancela a Antiga Aliança, mas permite a seus membros observar a Torah como é dito em Jeremias “e Eu escreverei minha Torah nas tábuas dos corações deles” (Veja em Jeremias 31 onde fala sobre a Nova Aliança). Os pais da igreja primitiva não prestaram atenção a essa passagem de Gálatas e entenderam que a Nova Aliança, em virtude disso, foi fixada como a nova tornando a antiga, nula. E todo o cristianismo absorveu isso. Não absorveram que Yeshua disse nos evangelhos “Eu não vim para abolir a Torah, mas sim para cumprir a Torah”.
Em Levítico e também Deuteronômio existem passagens descrevendo as maldições que recairiam sobre os filhos de Israel por não guardarem a aliança. Isso pode ser comparado a uma cláusula de punição pela quebra da aliança. Ninguém pode negar que essa cláusula ainda vigora. O povo de Israel foi exilado de sua terra, banido de um país para outro, e outro, e outro novamente. Eles experimentaram pogroms e até o holocausto no século XIX* . Mas essa cláusula de punição também prevê o retorno dos Filhos de Israel para a Terra de Israel. O retorno dos judeus à Terra de Israel é agora um fato evidente por mais de 50 anos. O contínuo cumprimento da cláusula de punição da Torah e até mesmo o retorno dos judeus à Terra de Israel mostra que a Aliança do Sinai, a Torah, ainda tem efeito e ainda tem força. Isso efetivamente mostra que não tem sido esquecida ou anulada.
Nós devemos ser cuidadosos sobre a aplicação disso tudo. Primeiro de tudo, em Atos 15, os apóstolos decretam que os gentios não são obrigados a se circuncidarem e observarem a Torah, a Aliança Sinaítica. O livro de Gálatas reitera esse princípio com maiores detalhes. Os gentios não estão obrigados à Antiga Aliança, guardando shabat, ou as festas, ou as leis alimentares. Os apóstolos decidiram por quatro leis específicas que são destinadas aos gentios crentes no Messias – abster-se de idolatria, adultério, do que for estrangulado e do alimento com sangue. Diferente do pensamento cristão que decidiu que o padrão de comportamento moral a ser seguido são os dez mandamentos exceto pelo shabat. O apóstolo Paulo advertiu contra o esforço de querer justificar-se peloas “obras da lei”.
Mas e sobre os judeus ? Eles são membros da Aliança Sinaítica e então a Torah se aplica a nós. Mas de que forma ? Da forma que os rabinos têm colocado através dos séculos desde o tempo da destruição de Jerusalém em 70 da Era Comum, através da oração, arrependimento, e atos de retidão, afastaram o mal decreto ? Não, não. Primeiro de tudo nós cremos e experimentamos que a morte de Yeshua o Messias provê perdão pelos pecados. Segundo tudo prova que nenhum de nós pode fazer o bastante para atingir os padrões íntegros e santos da justiça de D-us. Nós rapidamente descobrimos que não somos suficientes para guardar todos os mandamentos da Torah, e orações, arrependimento e atos bons não são suficientes para compensar a violação da Torah. Mas então é pela Nova Aliança que os judeus messiânicos podem viver de acordo com a Torah. Em Gálatas 2 a partir do verso 15 Paulo fala aos seus discípulos judeus crentes em Yeshua, no verso 19 diz “Pela Torah eu estou morto para a Torah para viver para D-us”. Em outras palavras Paulo nos diz que para nós judeus, que a observância da Torah é o meio pelo qual nós fazemos mortas as obras da carne fazendo-nos assim virtualmente mortos aos olhos da Torah. Morrer para a Torah significa que as maldições e a punições da Torah não chegarão a nós porque fomos crucificados com o Messias. É importante dizer que as palavras de Gálatas 2.15-21 são endereçadas aos judeus crentes em Yeshua. As palavras da carta de Gálatas 3.1 e seguintes, aplicam-se aos gentios. Se inicia com “insensatos gálatas...” mas em contraste com a parte que se inicia em 2.15 diz “Somos judeus por natureza” e então é endereçado aos judeus.
Então para nós, judeus crentes em Yeshua, é certo e apropriado que nós observemos shabat e as festas judaicas descritas em Levítico 23. É relatado no livro de Atos que Paulo observou as festas judaicas. É apropriado que nós circuncidemos nossos filhos ao 8° dia. Está escrito que Paulo fez com que Timótio fosse circuncidado porque sua mãe era judia, mas ao mesmo tempo Paulo não fez com que Tito fosse circuncidado porque ele era gentio de todo jeito. É apropriado e certo que nós nos abstenhamos de comer porco e camarão e peixe-gato e ostras e especialmente comida com sangue. É apropriado que nós devamos nos idenfitifcar com nosso povo mesmo que a maioria esmagadora não creiam em Yeshua. A Terra de Israel é nossa terra. As promessas de D-us para Israel são nossas pela fé.
*Nota do tradutor - o texto do Rav Joseph Shulam realmente traz "nineteenth century"
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Halakhá - 4ª Parte
Parte 4 – Algumas sugestões e regras para se fazer halakhá judaico-messiânica
por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
A primeira regra para se fazer halakhá para a comunidade messiânica de hoje deve ser, em minha humilde opinião, a aceitação de todas as decisões halákhicas e exemplos apostólicos e inferências que nós encontramos no Novo Testamento. Uma das regras básicas para se fazer halakhá é que você precisa construir sobre o que as gerações passadas transmitiram como autorizado. Nós não podemos podemos fazer halakhá nova ignorando ou suplantando os escritos apóstólicos da Inspirada Palavra de D-us. Ignorar as decisões dos apóstolos fará com que o movimento judaico messiânico seja alvo de acusações de nossos irmãos judeus de que nós somos uma seita, e a eles o mundo cristão se juntará com o mesmo refrão. Sinais de tais tendências são aparentes quando alguém olha para o modo como os comandos apostólicos por exmeplo em I Timóteo 2.9-12, foram tratados, ignorados e podados pela liderança do movimento messiânico nos Estados Unidos. Fazer halakhá não pode se tornar uma ferramenta para se resolver problemas polítcos no movimento messiânico. Fazer halakhá deve ser uma busca sincera de fazer a vontade de D-us hoje em espírito e em verdade de Sua Palavra Viva.
O lugar para começar a fazer halakhá hoje deve ser as próprias instruções de yeshua para seus discípulos gravadas em Mateus 23.1-4.
Se eu estiver certo no ponto acima, isso insinuaria que devemos fazer um esforço muito sério para saber e estudar e entender o que faziam os fariseus que sentavam na cadeira de Moisés dizer e ensinar sobre uma variedade de assuntos que todos nós enfrentamos como judeus que vivem em um mundo pós-moderno. Como nós podemos fazer halakhá judaica se nós, como líderes do movimento estamos conectados por nossos cordões umbilicais às denominações cristãs ? Muitos de nós seriam considerados não-kosher até mesmo em uma corte da lei judaica porque nós seríamos considerados “meshuchadim” (subornados) em nossas idéias.
Eu percebo que essas palavras cortam profundamente e ferem, mas o primeiro passo para se fazer uma halakhá que seria válida e teria credibilidade seria uma avaliação honesta de quem nós somos hoje. Sem esse tipo de honestidade que fere qualquer halakhá que os líderes do movimento fariam seria efêmero e divergente ao corpo do Messias e a Israel como um povo.
O segundo passo que nós precisamos dar como indivíduos e como um movimento é explicar ou argumentar a respeito da posição bíblica sobre “mandamentos” em relação à graça de D-us e nossa unidade com o resto do Corpo de Cristo. Nós não queremos isolar nossos irmãos cristãos não-judeus que ainda estão encalhados nas costas desequilibradas de Martinho Lutero de acordo com a graça de D-us. Nós queremos apresentar um bom argumento teológico e também uma amável e amigável atitude sem comprometer a Palavra de D-us ou a judaicidade do Novo Testamento.
O terceiro passo que o movimento judaico messiânico precisa dar para se fazer uma halakhá acreditável é um chamado à unidade e enfrentar face-a-face todos os argumentos e discordâncias que poderia se erguer durante o processo de desenvolvimento da halakhá. Nesse processo todas as discordâncias e explosões de personalidade que podem se levantar, se levantam. Há interesses adquiridos e assuntos de temperamento que surgem durante tais discussões fortes e deliberações. Os judeus messiânicos precisam mostrar o grau de tolerância e comportamento civilizado que os Fariseu mostraram a um ao outro Nós precisamos nos lembrar que fazer halakhá é um trabalho de unidade em ações e doutrina. Se ao fazer halakhá estivermos nos afastando uns dos outros, ou da comunidade judaica, então devemos esquecer, e apenas manter o que cada um acha certo aos seus próprios olhos.
O quarto passo para o movimento judaico messiânico deve dar para fazer halakhá é se ressubmeter à Palavra de D-us e apenas a Palavra de D-us que é a a autoridade para nossos ensinos e ações. Eu tenho ouvido em um grande número de fóruns de judeus messiânicos que por mensagens supostamente do Espírito Santo eles estavam direcionando a fazer coisas completamente opostas às claras instruções da Palavra de D-us. Eu creio que há uma má influência no movimento certamente de movimentos cristãos que têm feito do Espírito Santo de D-us “um cachorro que qualquer um pode usar para caçar”. Se a autoridade final para nossos atos são alguns supostos sentimentos, que alguém recebe depois de jantar uma boa pizza, vamos esquecer de fazer halakhá judaico messiânica.
Quinto passo necessário para o desenvolvimento da halakhá messiânica é tempo. Isso leva tempo, anos, para desenvolver o tipo de respeito e prestígio que são necessários para a comunidade cumprir às regras de um comitê. Se nós teremos uma halakhá messiânica no futuro, que eu espero que tenhamos, isso vai tomar muito tempo, algumas pessoas que trabalharão duro para ganhar o respeito e a autoridade de D-us, e do movimento. Vai requerer escolaridade, e escolaridade leva tempo para se construir e se desenvolver.
Eu fui bastante negativo nesse artigo! É tempo de assumir uma atitude positiva. É minha firma convicção que muito bom testemunnho da parte do movimento, e uma base larga o bastante de pessoas que não trazem estampas de decisões políticas feitas pela liderança da UMJC ou da MJAA, halakhá bíblica e judaica pode ser construída nas gerações futuras de judeus messiânicos . Começar preparando uma moral suficiente e suporte financeiro para essas pessoas que farão a tarefa, e que não escolha as pessoas de acordo com a afiliação política deles no Movimento, mas de acordo com a qualificação espiritual e intelectual deles como estudantes honestos da Palavra de Deus.
por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
A primeira regra para se fazer halakhá para a comunidade messiânica de hoje deve ser, em minha humilde opinião, a aceitação de todas as decisões halákhicas e exemplos apostólicos e inferências que nós encontramos no Novo Testamento. Uma das regras básicas para se fazer halakhá é que você precisa construir sobre o que as gerações passadas transmitiram como autorizado. Nós não podemos podemos fazer halakhá nova ignorando ou suplantando os escritos apóstólicos da Inspirada Palavra de D-us. Ignorar as decisões dos apóstolos fará com que o movimento judaico messiânico seja alvo de acusações de nossos irmãos judeus de que nós somos uma seita, e a eles o mundo cristão se juntará com o mesmo refrão. Sinais de tais tendências são aparentes quando alguém olha para o modo como os comandos apostólicos por exmeplo em I Timóteo 2.9-12, foram tratados, ignorados e podados pela liderança do movimento messiânico nos Estados Unidos. Fazer halakhá não pode se tornar uma ferramenta para se resolver problemas polítcos no movimento messiânico. Fazer halakhá deve ser uma busca sincera de fazer a vontade de D-us hoje em espírito e em verdade de Sua Palavra Viva.
O lugar para começar a fazer halakhá hoje deve ser as próprias instruções de yeshua para seus discípulos gravadas em Mateus 23.1-4.
Se eu estiver certo no ponto acima, isso insinuaria que devemos fazer um esforço muito sério para saber e estudar e entender o que faziam os fariseus que sentavam na cadeira de Moisés dizer e ensinar sobre uma variedade de assuntos que todos nós enfrentamos como judeus que vivem em um mundo pós-moderno. Como nós podemos fazer halakhá judaica se nós, como líderes do movimento estamos conectados por nossos cordões umbilicais às denominações cristãs ? Muitos de nós seriam considerados não-kosher até mesmo em uma corte da lei judaica porque nós seríamos considerados “meshuchadim” (subornados) em nossas idéias.
Eu percebo que essas palavras cortam profundamente e ferem, mas o primeiro passo para se fazer uma halakhá que seria válida e teria credibilidade seria uma avaliação honesta de quem nós somos hoje. Sem esse tipo de honestidade que fere qualquer halakhá que os líderes do movimento fariam seria efêmero e divergente ao corpo do Messias e a Israel como um povo.
O segundo passo que nós precisamos dar como indivíduos e como um movimento é explicar ou argumentar a respeito da posição bíblica sobre “mandamentos” em relação à graça de D-us e nossa unidade com o resto do Corpo de Cristo. Nós não queremos isolar nossos irmãos cristãos não-judeus que ainda estão encalhados nas costas desequilibradas de Martinho Lutero de acordo com a graça de D-us. Nós queremos apresentar um bom argumento teológico e também uma amável e amigável atitude sem comprometer a Palavra de D-us ou a judaicidade do Novo Testamento.
O terceiro passo que o movimento judaico messiânico precisa dar para se fazer uma halakhá acreditável é um chamado à unidade e enfrentar face-a-face todos os argumentos e discordâncias que poderia se erguer durante o processo de desenvolvimento da halakhá. Nesse processo todas as discordâncias e explosões de personalidade que podem se levantar, se levantam. Há interesses adquiridos e assuntos de temperamento que surgem durante tais discussões fortes e deliberações. Os judeus messiânicos precisam mostrar o grau de tolerância e comportamento civilizado que os Fariseu mostraram a um ao outro Nós precisamos nos lembrar que fazer halakhá é um trabalho de unidade em ações e doutrina. Se ao fazer halakhá estivermos nos afastando uns dos outros, ou da comunidade judaica, então devemos esquecer, e apenas manter o que cada um acha certo aos seus próprios olhos.
O quarto passo para o movimento judaico messiânico deve dar para fazer halakhá é se ressubmeter à Palavra de D-us e apenas a Palavra de D-us que é a a autoridade para nossos ensinos e ações. Eu tenho ouvido em um grande número de fóruns de judeus messiânicos que por mensagens supostamente do Espírito Santo eles estavam direcionando a fazer coisas completamente opostas às claras instruções da Palavra de D-us. Eu creio que há uma má influência no movimento certamente de movimentos cristãos que têm feito do Espírito Santo de D-us “um cachorro que qualquer um pode usar para caçar”. Se a autoridade final para nossos atos são alguns supostos sentimentos, que alguém recebe depois de jantar uma boa pizza, vamos esquecer de fazer halakhá judaico messiânica.
Quinto passo necessário para o desenvolvimento da halakhá messiânica é tempo. Isso leva tempo, anos, para desenvolver o tipo de respeito e prestígio que são necessários para a comunidade cumprir às regras de um comitê. Se nós teremos uma halakhá messiânica no futuro, que eu espero que tenhamos, isso vai tomar muito tempo, algumas pessoas que trabalharão duro para ganhar o respeito e a autoridade de D-us, e do movimento. Vai requerer escolaridade, e escolaridade leva tempo para se construir e se desenvolver.
Eu fui bastante negativo nesse artigo! É tempo de assumir uma atitude positiva. É minha firma convicção que muito bom testemunnho da parte do movimento, e uma base larga o bastante de pessoas que não trazem estampas de decisões políticas feitas pela liderança da UMJC ou da MJAA, halakhá bíblica e judaica pode ser construída nas gerações futuras de judeus messiânicos . Começar preparando uma moral suficiente e suporte financeiro para essas pessoas que farão a tarefa, e que não escolha as pessoas de acordo com a afiliação política deles no Movimento, mas de acordo com a qualificação espiritual e intelectual deles como estudantes honestos da Palavra de Deus.
Halakhá - 3ª Parte
3ª Parte – Deve o Movimento Judaico Messiânico Fazer Halakhá Agora ?
Por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
Para responder a questão acima, eu devo dizer ambos, “Sim!” e “Não!” Pode ser esta a hora certa para considerarmos fazer halakhá judaico-messiânica ? Como um movimento que está ainda em estágio de transição, pode ser este o momento certo de preparar o desenvolvimento da halakhá judaico-messiânica em algum momento no futuro ? Há uma possibilidade para nós apenas aceitarmos a halakhá tradicional em todo assunto que não pertence diretamente à pessoa e caráter de Yeshua o Messias? Como a maioria das pessoas que seguem o judaísmo messiânico e até mesmo o lideram são não-judeu ou de uma questionável descendência, deveríamos esquecer sobre fazer halakhá. Deveríamos apenas optar pelo modelo protestante e sucumbir ao peso da Cultura Ocidental Americana Branca Anglo-Saxonica ? Poderíamos não ter a autoridade ou a unidade que é requerida para se fazer um bom trabalho em formular halakhá qua abençoaria o Corpo do Messias e o povo de Israel neste tempo ?
É fácil responder às questões acima e banir os problemas e as armadilhas ou faltas do Movimento Messiânico especialmente no que diz respeito à judaicidade e halakhá. É muito mais difícil dar intruções concretas e positivas de “como se fazer” halakhá judaico-messiânica enquanto vigiamos contra algumas das armadilhas e problemas.
Por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
Para responder a questão acima, eu devo dizer ambos, “Sim!” e “Não!” Pode ser esta a hora certa para considerarmos fazer halakhá judaico-messiânica ? Como um movimento que está ainda em estágio de transição, pode ser este o momento certo de preparar o desenvolvimento da halakhá judaico-messiânica em algum momento no futuro ? Há uma possibilidade para nós apenas aceitarmos a halakhá tradicional em todo assunto que não pertence diretamente à pessoa e caráter de Yeshua o Messias? Como a maioria das pessoas que seguem o judaísmo messiânico e até mesmo o lideram são não-judeu ou de uma questionável descendência, deveríamos esquecer sobre fazer halakhá. Deveríamos apenas optar pelo modelo protestante e sucumbir ao peso da Cultura Ocidental Americana Branca Anglo-Saxonica ? Poderíamos não ter a autoridade ou a unidade que é requerida para se fazer um bom trabalho em formular halakhá qua abençoaria o Corpo do Messias e o povo de Israel neste tempo ?
É fácil responder às questões acima e banir os problemas e as armadilhas ou faltas do Movimento Messiânico especialmente no que diz respeito à judaicidade e halakhá. É muito mais difícil dar intruções concretas e positivas de “como se fazer” halakhá judaico-messiânica enquanto vigiamos contra algumas das armadilhas e problemas.
Halakhá - 2ª Parte
2ª Parte – Halakhá e a Graça de D-us
Por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
Um seguidor de Yeshua deve sempre levar em conta os princípios da graça de D-us. No desenvolvimento da halakhá messiânica, nós devemos permanecer tão perto da palavra de D-us quanto for possível, mas ao mesmo tempo lembrar que nosso julgamento não será baseado em qual tipo de papel higiênico nós usaremos no shabat, mas na graça de D-us através do sacrifício de Yeshua. Essa graça de D-us, porém, não pode ser levado como consideração principal para se fazer halakhá, deve ser levada em consideração apenas como uma atenuação pós-priori das circunstâncias.
Mateus 23.1-4, e o que isso implica para a halakhá judaico-messiânica hoje.
Yeshua e seus discípulos são uma parte do mundo dos fariseus na Terra de Israel durante o 1° século. Yeshua foi um fariseu em sua visão mundial, e todos os argumentos que ele teve com os fariseus foram “em casa”, argumentos entre “co-religionários”. Os fariseus trouxeram uma revolução religiosa no judaísmo do 1ª século antes da Era Comum. O fruto dessa revolução foi que D-us pode ser conhecido e discernido por qualquer estudante das Escrituras Sagradas. Antes dessa grande revolução, e de acordo com a Torah de Moisés o caminho para discernir a “Vontade de D-us” era perguntar ao sacerdote ou ao profeta. Quando essas duas insituições foram arruinadas pela corrupção e pelo helenismo, foi desenvolvida uma escola que buscou do texto da Torah as passagens que justificavam “estudo da Torah” como um caminho para o conhecimento da “Vontade de D-us”. E é com essa escola de pensamentos, a escola dos fariseus, que Yeshua e seus discípulos se identificavam. Essa é também as razão porque Yeshua era tão envolvido e às vezes até bravo com os fariseus, eles eram os mais próximo dele.. Do lado dos fariseus, é recíproco. Yeshua é considerado um deles, Isso é porque eles vinham a ele com acusações e questões de prática e tradição como a questão sobre a lavagem das mãos, e colher milho no shabat. Se ele fosse um saduceu, eles não teriam sequer se aborrecido para acusá-lo. Todos nós discutimos com as pessoas que mais são proximas a nós, e acusamos de hipocrisia aqueles a quem melhor conhecemos.
O significado de Mateus 23.1-2, para nós hoje não pode ser muito diferente do que os apóstolos no 1° século teriam entendido. Aqui está a minha breve exegese dessa passagem:
Verso 1: Yeshua estava falando às multidões e aos seus discípulos. Por que o texto viu “encaixe” para mencionar esse detalhe ? O Espírito Santo através do texto do evangelho quis que todos soubessem que a autoridade das palavras de Yeshua nesse caso é aplicável às multidões, que no contexto do 1° século que seriam “Am haAretz (Povo de Israel)”, e aos seus próprios discípulos.
Verso 2: “Os mestres da Torah e os fariseus se sentam na cadeira de Moisés”. A cadeira de Moisés foi encontrada em várias sinagogas datadas do período da Mishná. Na sinagoga, a cadeira de Moisés servia como o púlpito hoje. Era o lugar que o rabino sentava depois da leitura da Torah e dava sua “drashá” ou “homília” em português. O conceito po trás desse relato é difícil de entender sem lembrarmos que o mundo judaico do 2° e 3° séculos antes da Era Comum sofreu uma grande revolução. A revolução farisaica na qual o Tanakh veio a ser o padrão pelo qual o homem pode conhecer a Vontade de D-us. Em outras palavras, o texto do Tanakh se tornou a revelação de D-us. Então, agora o estudo e a interpretação são os caminhos para discernir a vontade de D-us. Nesse quadro entram as sinagogas que eram o lugar de reunião para estudar e ouvir da Torah. Então, o rabino que estava na linha de autoridade de Moisés tinha o direito de interpretar o texto e trazer conclusões práticas ou morais do texto. Essa era a forma primitiva de halakhá na comunidade judaica.
Yeshua estava dizendo às multidões e aos seus discípulos que os mestres da Torah e os fariseus tinham autoridade para interpretar e fazer halakhá quando eles estavam explicando o texto da Torah de Moisés.
As palavras de Yeshua aqui não davam “carta branca” para os mestres da Torah ou para os fariseus fazerem halakhá para os discípulos de Yeshua. O relato os limita ao tempo que eles estivessem sentados na “cadeira de Moisés”. Em outras palavras, quando eles estivessem explicando o texto da Torah na sinagoga.
Verso 3a: É muito importante entender essas palavras de Yeshua: “então vocês devem obedecê-los e fazer tudo o que eles vos disserem”. Na época de Yeshua não havia ensinamento contrário a ele que fosse oficial ou autorizado. Em aproximadamente 2 mil anos de história ”cristã” a situação do povo judeu e da cristandade tem mudado significativamente. A tradição judaica tem mantido muitas decisões halákhicas que são por razões polêmicas contra o cristianismo e o próprio Yeshua. Eu penso que se nós pusermos as palavras de Yeshua de volta no contexto histórico do 1° século no qual eram determinadas, nós ainda podemos obedecê-las e continuar respeitando a tradição judaica de exegese e interpretação da Torah.
Verso 3b: A intrução que Yeshua dá aqui é muito interessante e nos faz lembrar das palavras do Rei Yanai para sua esposa Rainha Sh’lom Zion. Yanai disse para a sua esposa, “não tema aos que se chamam a si mesmos fariseus. Tema aos que se chamam a si mesmos fariseus e são hipócritas”
Verso 4: É notório que o problema foi a criação de muitas regras para a Torah que não eram cumpridas por eles mesmos, ou fazendo exigências e colocando fardos nas pessoas sem se concentrar na viabilidade ou na possibilidade de mantê-los. A Torah foi dada para a vida não para teoricistas que vivem no Beit Midrash e nunca têm que lidar com aspectos diários e práticos da nossa fé.
Por Joseph Shulam
Traduzido e Adaptado por Yossef ben Yehudah
Um seguidor de Yeshua deve sempre levar em conta os princípios da graça de D-us. No desenvolvimento da halakhá messiânica, nós devemos permanecer tão perto da palavra de D-us quanto for possível, mas ao mesmo tempo lembrar que nosso julgamento não será baseado em qual tipo de papel higiênico nós usaremos no shabat, mas na graça de D-us através do sacrifício de Yeshua. Essa graça de D-us, porém, não pode ser levado como consideração principal para se fazer halakhá, deve ser levada em consideração apenas como uma atenuação pós-priori das circunstâncias.
Mateus 23.1-4, e o que isso implica para a halakhá judaico-messiânica hoje.
Yeshua e seus discípulos são uma parte do mundo dos fariseus na Terra de Israel durante o 1° século. Yeshua foi um fariseu em sua visão mundial, e todos os argumentos que ele teve com os fariseus foram “em casa”, argumentos entre “co-religionários”. Os fariseus trouxeram uma revolução religiosa no judaísmo do 1ª século antes da Era Comum. O fruto dessa revolução foi que D-us pode ser conhecido e discernido por qualquer estudante das Escrituras Sagradas. Antes dessa grande revolução, e de acordo com a Torah de Moisés o caminho para discernir a “Vontade de D-us” era perguntar ao sacerdote ou ao profeta. Quando essas duas insituições foram arruinadas pela corrupção e pelo helenismo, foi desenvolvida uma escola que buscou do texto da Torah as passagens que justificavam “estudo da Torah” como um caminho para o conhecimento da “Vontade de D-us”. E é com essa escola de pensamentos, a escola dos fariseus, que Yeshua e seus discípulos se identificavam. Essa é também as razão porque Yeshua era tão envolvido e às vezes até bravo com os fariseus, eles eram os mais próximo dele.. Do lado dos fariseus, é recíproco. Yeshua é considerado um deles, Isso é porque eles vinham a ele com acusações e questões de prática e tradição como a questão sobre a lavagem das mãos, e colher milho no shabat. Se ele fosse um saduceu, eles não teriam sequer se aborrecido para acusá-lo. Todos nós discutimos com as pessoas que mais são proximas a nós, e acusamos de hipocrisia aqueles a quem melhor conhecemos.
O significado de Mateus 23.1-2, para nós hoje não pode ser muito diferente do que os apóstolos no 1° século teriam entendido. Aqui está a minha breve exegese dessa passagem:
Verso 1: Yeshua estava falando às multidões e aos seus discípulos. Por que o texto viu “encaixe” para mencionar esse detalhe ? O Espírito Santo através do texto do evangelho quis que todos soubessem que a autoridade das palavras de Yeshua nesse caso é aplicável às multidões, que no contexto do 1° século que seriam “Am haAretz (Povo de Israel)”, e aos seus próprios discípulos.
Verso 2: “Os mestres da Torah e os fariseus se sentam na cadeira de Moisés”. A cadeira de Moisés foi encontrada em várias sinagogas datadas do período da Mishná. Na sinagoga, a cadeira de Moisés servia como o púlpito hoje. Era o lugar que o rabino sentava depois da leitura da Torah e dava sua “drashá” ou “homília” em português. O conceito po trás desse relato é difícil de entender sem lembrarmos que o mundo judaico do 2° e 3° séculos antes da Era Comum sofreu uma grande revolução. A revolução farisaica na qual o Tanakh veio a ser o padrão pelo qual o homem pode conhecer a Vontade de D-us. Em outras palavras, o texto do Tanakh se tornou a revelação de D-us. Então, agora o estudo e a interpretação são os caminhos para discernir a vontade de D-us. Nesse quadro entram as sinagogas que eram o lugar de reunião para estudar e ouvir da Torah. Então, o rabino que estava na linha de autoridade de Moisés tinha o direito de interpretar o texto e trazer conclusões práticas ou morais do texto. Essa era a forma primitiva de halakhá na comunidade judaica.
Yeshua estava dizendo às multidões e aos seus discípulos que os mestres da Torah e os fariseus tinham autoridade para interpretar e fazer halakhá quando eles estavam explicando o texto da Torah de Moisés.
As palavras de Yeshua aqui não davam “carta branca” para os mestres da Torah ou para os fariseus fazerem halakhá para os discípulos de Yeshua. O relato os limita ao tempo que eles estivessem sentados na “cadeira de Moisés”. Em outras palavras, quando eles estivessem explicando o texto da Torah na sinagoga.
Verso 3a: É muito importante entender essas palavras de Yeshua: “então vocês devem obedecê-los e fazer tudo o que eles vos disserem”. Na época de Yeshua não havia ensinamento contrário a ele que fosse oficial ou autorizado. Em aproximadamente 2 mil anos de história ”cristã” a situação do povo judeu e da cristandade tem mudado significativamente. A tradição judaica tem mantido muitas decisões halákhicas que são por razões polêmicas contra o cristianismo e o próprio Yeshua. Eu penso que se nós pusermos as palavras de Yeshua de volta no contexto histórico do 1° século no qual eram determinadas, nós ainda podemos obedecê-las e continuar respeitando a tradição judaica de exegese e interpretação da Torah.
Verso 3b: A intrução que Yeshua dá aqui é muito interessante e nos faz lembrar das palavras do Rei Yanai para sua esposa Rainha Sh’lom Zion. Yanai disse para a sua esposa, “não tema aos que se chamam a si mesmos fariseus. Tema aos que se chamam a si mesmos fariseus e são hipócritas”
Verso 4: É notório que o problema foi a criação de muitas regras para a Torah que não eram cumpridas por eles mesmos, ou fazendo exigências e colocando fardos nas pessoas sem se concentrar na viabilidade ou na possibilidade de mantê-los. A Torah foi dada para a vida não para teoricistas que vivem no Beit Midrash e nunca têm que lidar com aspectos diários e práticos da nossa fé.
Halakhá - 1ª Parte
Fazendo Halakhá Judaico-Messiânica (1ª Parte)
Por Joseph Shulam
Traduzido e adaptado por Yossef ben Yehudah
A palavra “Halakhá” vem da palavra hebraica para “caminhar”. É um termo técnico usado para as regras que governam a vida religiosa judaica. O termo “halakhá” é um antigo termo que já é refletido no Novo Testamento especialmente nas cartas de Paulo. Paulo usa a palavra “caminhar” de alguma forma em quase todas as suas cartas. A palavra “caminhar” introduz instruções práticas como o caminho para o qual os messiânicos deveriam caminhar e conduzir suas vidas. A seguir veremos alguns exemplos disso:
“Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” Lucas 1.6
“e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei.” Atos 21.21
“Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes;” Romanos 13.13
“Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado. É assim que ordeno em todas as igrejas.” I Cor 7.17
Existem muitos mais exemplos do uso desse termo “caminhar” no contexto de “halakhá”, mas eu me satisfarei com esses citados acima. Para os mais diligentes, eles podem checar suas concordâncias ou observar as passagens listadas nos rodapés.
Nessas passagens parece haver uma clara indicação que na igreja do primeiro século havia halakhá messiânica sendo feita, e que era chamada exatamente ou até de forma semelhante a “caminhar”. Nós encontramos regras criadas pelos apóstolos que não eram identificadas como “caminhada”. Até mesmo nessas está claro que uma “regra” ou uma “ordenança” está sendo legislada para as igrejas observarem. Os apóstolos entenderam das palavras de Yeshua em Mateus 16.19, que eles tinham o direito de “ligar” e “desligar” na Terra. As palavras de Yeshua são claras apenas no contexto judaico de “fazer halakhá”. A autoridade dada aqui por Yeshua aos apóstolos que qualquer decisão que eles tomem na Terra, seria aceita no céu e viria a ser “ligada” no Céu. Essa é exatamente a mesma autoridade que os rabinos tomaram para eles mesmos. Há um famoso estatuto no Talmud que, “Tudo o que os rabinos liguem, será ligado no Céu, e tudo o que o Santo, Bendito seja Ele ligar pelos rabinos, eles têm autoridade para desligar”. Embora nesse caso pareça que os rabinos exageraram em sua autoridade, o princípio é o mesmo. Yeshua parece ter dado aos apóstolos o direito de fazer “halakhá” pela sua autoridade.
Esse princípio era o princípio guia que conduziu ao estabelecimento do “Direito Canônico” que é apenas outro nome para “halakhá”. E, claro que, isso conduziu ao estabelecimento da Igreja Católica em Roma.
Um dos maiores princípio do desenvolvimento de halakhá no judaísmo e que faltou seriamente quando os “cristãos” fizeram halakhá, é a estrita aderência ao texto da Torah de acordo com as regras exegéticas de interpretação. As discussões entre os rabinos em cada ponto e, de fato, em cada letra, manteve o desenvolvimento de halakhá uma tarefa muito séria e trabalhosa e longe das atitudes de uma “ex-cátedra” ditatorial que prevaleceu na igreja.
Isso me traz à discussão do Movimento Judaico-Messiânico hoje e a necessidade de uma halakhá judaico-messiânica.
1. Neste tempo em nossa história, como um movimento, nós não temos herança e nem equipamento para fazer halakhá. Fazer halakhá é algo que nós teremos que desenvolver com muito cuidado.
2. Nós ainda estamos divididos de acordo com as tradicionais linhas denominacionais cristãs. Fazer halakhá poderia servir para nos dividir ainda mais se fizéssemos isso rápido demais.
3.Nós temos muito pouca integridade de acordo com os olhos da comunidade judaica e de acordo com os olhos de nossos irmãos cristãos.
4.Nós não temos homens que tenham grande respeito em ambas as comunidades (judaica e cristã) que poderiam trazer uma larga aceitação de decisões halákhicas que poderiam ser tomadas.
5.Nós temos muito pouco conhecimento da Torah e Judaísmo, e nossa integridade como um movimento judaico é questionada por judeus e cristãos. Tomar para nós mesmos uma tarefa como fazer halakhá poderia parecer para muitos como mais um golpe para a nossa integridade e teologia.
6.Nós ainda recebemos dinheiro de igrejas gentílicas e que nos faz suspeitos de sermos “subornados” em nossas opiniões.
7.Nós temos necessidades que são muito urgentes, e a situação é como um dente infectado. A pessoa não faz halakhá na urgência de uma infecção. Nós temos que fazer halakhá quando formos desvinculados de políticas internas e jogos de poder o máximo que pudermos.
8.Nós não queremos causar mais divisão criando “regras de conduta” que somente uma minoria vai observar e manter. Os outros farão o que os convém e dá prazer.
9.A maioria dos membros do Movimento Judaico Messiânico não zelam pelo judaísmo e muito menos pela halakhá já escrita claramente nas escrituras porque eles se preocupam sobre o que alguns líderes decidiram “ligar” para eles.
10.Não queremos fazer nossas próprias regras e regulamentos que vão nos afastar do povo de Israel. Não há nada que nos fará tornar uma seita mais rápido do que criar nossas próprias regras e regulamentos em conflito ou em oposição à tradição judaica. Nós não podemos “ligá-los” às pessoas, judeus e gentios no meio messiânico, coisas que nos separararão ainda mais da comunidade judaica. É fato que a maioria no meio messiânico nos Estados Unidos [e Brasil] são não-judeus, que tipo de halakhá nós faremos sobre essas pessoas ?
Por Joseph Shulam
Traduzido e adaptado por Yossef ben Yehudah
A palavra “Halakhá” vem da palavra hebraica para “caminhar”. É um termo técnico usado para as regras que governam a vida religiosa judaica. O termo “halakhá” é um antigo termo que já é refletido no Novo Testamento especialmente nas cartas de Paulo. Paulo usa a palavra “caminhar” de alguma forma em quase todas as suas cartas. A palavra “caminhar” introduz instruções práticas como o caminho para o qual os messiânicos deveriam caminhar e conduzir suas vidas. A seguir veremos alguns exemplos disso:
“Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” Lucas 1.6
“e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei.” Atos 21.21
“Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes;” Romanos 13.13
“Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus o tem chamado. É assim que ordeno em todas as igrejas.” I Cor 7.17
Existem muitos mais exemplos do uso desse termo “caminhar” no contexto de “halakhá”, mas eu me satisfarei com esses citados acima. Para os mais diligentes, eles podem checar suas concordâncias ou observar as passagens listadas nos rodapés.
Nessas passagens parece haver uma clara indicação que na igreja do primeiro século havia halakhá messiânica sendo feita, e que era chamada exatamente ou até de forma semelhante a “caminhar”. Nós encontramos regras criadas pelos apóstolos que não eram identificadas como “caminhada”. Até mesmo nessas está claro que uma “regra” ou uma “ordenança” está sendo legislada para as igrejas observarem. Os apóstolos entenderam das palavras de Yeshua em Mateus 16.19, que eles tinham o direito de “ligar” e “desligar” na Terra. As palavras de Yeshua são claras apenas no contexto judaico de “fazer halakhá”. A autoridade dada aqui por Yeshua aos apóstolos que qualquer decisão que eles tomem na Terra, seria aceita no céu e viria a ser “ligada” no Céu. Essa é exatamente a mesma autoridade que os rabinos tomaram para eles mesmos. Há um famoso estatuto no Talmud que, “Tudo o que os rabinos liguem, será ligado no Céu, e tudo o que o Santo, Bendito seja Ele ligar pelos rabinos, eles têm autoridade para desligar”. Embora nesse caso pareça que os rabinos exageraram em sua autoridade, o princípio é o mesmo. Yeshua parece ter dado aos apóstolos o direito de fazer “halakhá” pela sua autoridade.
Esse princípio era o princípio guia que conduziu ao estabelecimento do “Direito Canônico” que é apenas outro nome para “halakhá”. E, claro que, isso conduziu ao estabelecimento da Igreja Católica em Roma.
Um dos maiores princípio do desenvolvimento de halakhá no judaísmo e que faltou seriamente quando os “cristãos” fizeram halakhá, é a estrita aderência ao texto da Torah de acordo com as regras exegéticas de interpretação. As discussões entre os rabinos em cada ponto e, de fato, em cada letra, manteve o desenvolvimento de halakhá uma tarefa muito séria e trabalhosa e longe das atitudes de uma “ex-cátedra” ditatorial que prevaleceu na igreja.
Isso me traz à discussão do Movimento Judaico-Messiânico hoje e a necessidade de uma halakhá judaico-messiânica.
1. Neste tempo em nossa história, como um movimento, nós não temos herança e nem equipamento para fazer halakhá. Fazer halakhá é algo que nós teremos que desenvolver com muito cuidado.
2. Nós ainda estamos divididos de acordo com as tradicionais linhas denominacionais cristãs. Fazer halakhá poderia servir para nos dividir ainda mais se fizéssemos isso rápido demais.
3.Nós temos muito pouca integridade de acordo com os olhos da comunidade judaica e de acordo com os olhos de nossos irmãos cristãos.
4.Nós não temos homens que tenham grande respeito em ambas as comunidades (judaica e cristã) que poderiam trazer uma larga aceitação de decisões halákhicas que poderiam ser tomadas.
5.Nós temos muito pouco conhecimento da Torah e Judaísmo, e nossa integridade como um movimento judaico é questionada por judeus e cristãos. Tomar para nós mesmos uma tarefa como fazer halakhá poderia parecer para muitos como mais um golpe para a nossa integridade e teologia.
6.Nós ainda recebemos dinheiro de igrejas gentílicas e que nos faz suspeitos de sermos “subornados” em nossas opiniões.
7.Nós temos necessidades que são muito urgentes, e a situação é como um dente infectado. A pessoa não faz halakhá na urgência de uma infecção. Nós temos que fazer halakhá quando formos desvinculados de políticas internas e jogos de poder o máximo que pudermos.
8.Nós não queremos causar mais divisão criando “regras de conduta” que somente uma minoria vai observar e manter. Os outros farão o que os convém e dá prazer.
9.A maioria dos membros do Movimento Judaico Messiânico não zelam pelo judaísmo e muito menos pela halakhá já escrita claramente nas escrituras porque eles se preocupam sobre o que alguns líderes decidiram “ligar” para eles.
10.Não queremos fazer nossas próprias regras e regulamentos que vão nos afastar do povo de Israel. Não há nada que nos fará tornar uma seita mais rápido do que criar nossas próprias regras e regulamentos em conflito ou em oposição à tradição judaica. Nós não podemos “ligá-los” às pessoas, judeus e gentios no meio messiânico, coisas que nos separararão ainda mais da comunidade judaica. É fato que a maioria no meio messiânico nos Estados Unidos [e Brasil] são não-judeus, que tipo de halakhá nós faremos sobre essas pessoas ?
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Shalom !!!
Kidush para Érev Shabat (Noite de Shabat):
No kidush, se arruma a mesa com uma toalha branca, com pratos e copos especiais, é comemorado com vinho e pão, e posteriormente uma refeição especial.
Todos em pé, ao redor da mesa (em silêncio até que se beba do vinho), a pessoa que vai fazer o kidush ergue o copo com vinho (no mínimo de 18 cm da mesa e cheio até a borda) e recita a respeito do sexto dia e sobre o sétimo dia:
Yom hashishí: vaichúlu hashamáim vehaárets vechol tsevaâm. Vaichál Elokim baiôm hashevií melachtó asher assá, vayshbôt baiôm hashevií mikôl melachtô ashêr assá. Vaivarêch Elohim et iôm hashevií vaicadêsh otô, ki vô shavát mikôl melachtô, ashêr bará Elohim laassôt.
Dia sexto: E terminaram de criar-se os céus e a terra, e todo seu exército. E cessou D-us, no dia sétimo, a obra que fez, e finalizou no dia sétimo toda a obra que fez. E abençoou D-us ao sétimo dia, e santificou-o, porque nele findou toda Sua obra, que criou D-us para fazer.
Depois ele pede licença aos senhores:
Savri Maranan
Com a permissão dos senhores.
É recitada a bênção do vinho:
Baruch Ata Ad-nai. Elokênu, Mélech Haolam, borêpri hagáfen.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que criaste o fruto da videira.
E então a bênção da santificação do dia:
Baruch Atá Ad-nai, Elokeinu. Melech haOlám. Asher kideshânu bemitsvotáv veratzá vânu, veshabat kodshô beahavá uveratsôn hinchilânu, zicarôn lemaassê vereshit, techilá lemicraê kôdesh, zécher litísiát Mitsraim, ki vanu vachárta veotânu kidashtá mikôl haámim, vesbabat codshechà baahavá uveratsôn hinchaltânu. Baruch Atá Ad-nai, mecadêsh hashabat.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que nos têm santifícado com Teus mandamentos c nos quizeste, concedendo-nos com amor e agrado o Teu santo dia de Shabat, em recordação à obra da Criação, pois que é a primeira das datas santas, em lembrança da partida do Egito. Porque Tu nos escolheste e nos santificaste dentre todos os povos, e o Teu sagrado Shabat, com amor e agrado, nos deste de herança. Bendito sejas Tu, Senhor, que santificas o Shabat.
Depois desse momento o oficiante bebe do vinho e é louvável que os outros participantes bebam do mesmo vinho.
Então todos nós fazemos netilat yadáim (que é o ato de lavar as mãos para erguer mãos puras ao Eterno)
Derramando água 3 vezes sobre a mão direita (canhotos começam pela esquerda) e posteriormente sobre a mão esquerda, finaliza-se esfregando uma mão na outra 3 vezes, recita-se:
Baruch Atah Ad-nai, Elokeinu Melech haOlam, asher kidshanu bemitzvotáv, vetzivanu al netilat yadáim.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que nos têm santifícado com Teus mandamentos e nos ordenaste erguer mãos puras.
E então, segurando 2 pães (um em cada mão), que estavam cobertos até agora recita-se a bênção do pão:
Baruch Ata Adonai Elohênu Mélech Haolam, hamotsí léchem min haárets.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que tira o pão da terra.
Mergulhamos uma fatia do pão no sal (o pão simboliza misericórdia e o sal justiça, simbolizando assim que devemos ter misericórdia em nosso julgamento) 3 vezes e comemos. E então a refeição pode continuar com alegria e júbilo !!!
Shabat shalom
Kidush para Érev Shabat (Noite de Shabat):
No kidush, se arruma a mesa com uma toalha branca, com pratos e copos especiais, é comemorado com vinho e pão, e posteriormente uma refeição especial.
Todos em pé, ao redor da mesa (em silêncio até que se beba do vinho), a pessoa que vai fazer o kidush ergue o copo com vinho (no mínimo de 18 cm da mesa e cheio até a borda) e recita a respeito do sexto dia e sobre o sétimo dia:
Yom hashishí: vaichúlu hashamáim vehaárets vechol tsevaâm. Vaichál Elokim baiôm hashevií melachtó asher assá, vayshbôt baiôm hashevií mikôl melachtô ashêr assá. Vaivarêch Elohim et iôm hashevií vaicadêsh otô, ki vô shavát mikôl melachtô, ashêr bará Elohim laassôt.
Dia sexto: E terminaram de criar-se os céus e a terra, e todo seu exército. E cessou D-us, no dia sétimo, a obra que fez, e finalizou no dia sétimo toda a obra que fez. E abençoou D-us ao sétimo dia, e santificou-o, porque nele findou toda Sua obra, que criou D-us para fazer.
Depois ele pede licença aos senhores:
Savri Maranan
Com a permissão dos senhores.
É recitada a bênção do vinho:
Baruch Ata Ad-nai. Elokênu, Mélech Haolam, borêpri hagáfen.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que criaste o fruto da videira.
E então a bênção da santificação do dia:
Baruch Atá Ad-nai, Elokeinu. Melech haOlám. Asher kideshânu bemitsvotáv veratzá vânu, veshabat kodshô beahavá uveratsôn hinchilânu, zicarôn lemaassê vereshit, techilá lemicraê kôdesh, zécher litísiát Mitsraim, ki vanu vachárta veotânu kidashtá mikôl haámim, vesbabat codshechà baahavá uveratsôn hinchaltânu. Baruch Atá Ad-nai, mecadêsh hashabat.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que nos têm santifícado com Teus mandamentos c nos quizeste, concedendo-nos com amor e agrado o Teu santo dia de Shabat, em recordação à obra da Criação, pois que é a primeira das datas santas, em lembrança da partida do Egito. Porque Tu nos escolheste e nos santificaste dentre todos os povos, e o Teu sagrado Shabat, com amor e agrado, nos deste de herança. Bendito sejas Tu, Senhor, que santificas o Shabat.
Depois desse momento o oficiante bebe do vinho e é louvável que os outros participantes bebam do mesmo vinho.
Então todos nós fazemos netilat yadáim (que é o ato de lavar as mãos para erguer mãos puras ao Eterno)
Derramando água 3 vezes sobre a mão direita (canhotos começam pela esquerda) e posteriormente sobre a mão esquerda, finaliza-se esfregando uma mão na outra 3 vezes, recita-se:
Baruch Atah Ad-nai, Elokeinu Melech haOlam, asher kidshanu bemitzvotáv, vetzivanu al netilat yadáim.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que nos têm santifícado com Teus mandamentos e nos ordenaste erguer mãos puras.
E então, segurando 2 pães (um em cada mão), que estavam cobertos até agora recita-se a bênção do pão:
Baruch Ata Adonai Elohênu Mélech Haolam, hamotsí léchem min haárets.
Bendito sejas Tú, Senhor, nosso D-us, Rei do Universo, que tira o pão da terra.
Mergulhamos uma fatia do pão no sal (o pão simboliza misericórdia e o sal justiça, simbolizando assim que devemos ter misericórdia em nosso julgamento) 3 vezes e comemos. E então a refeição pode continuar com alegria e júbilo !!!
Shabat shalom
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
O Talmud X Yeshua
O Talmud x Yeshua?
Por Sha'ul Bentsion
I – Introdução
A idéia de escrever esse artigo é motivação antiga, e foi recentemente recordada devido a alguns terem me indagado sobre uma suposta presença de ofensas, acusações e blasfêmias contra Yeshua no Talmud, principal obra de comentário da Lei Judaica.
Será que tais acusações procedem? Neste artigo, pretendo demonstrar que as acusações não passam de odiosos mitos que se propagaram como lendas urbanas, mas que se escrutinados mais profundamente, revelam não serem referência a Yeshua. A posição, inclusive, OFICIAL do Judaismo tradicional (embora alguns judeus isoladamente digam o oposto) é a de que o Talmud jamais menciona a Yeshua. Investigaremos, portanto, uma a uma essas acusações tão graves.
II - Acusação #1 - Insultos contra Yeshua e Miriyam
"Yeshu era um mamzer (bastardo) nascido de adultério" (Yebamot 49b)
"Miriyam era uma prostituta: Jesus era um homem mal" (Sanhedrin 106a)
"Yeshu era um feiticeiro e um tolo. Miriyam era uma adúltera" (Shabat 104a)
Vamos analisar cada uma dessas acusações
1 - Bastardo?
O texto da Mishná na realidade diz: "R. Shimon ben Azai disse: Eu encontrei um livro de genealogias em Jerusalém e nele está escrito: 'O homem Plony' é um bastardo"
A insinuação de que isso se refira a Yeshua vem do fato de que as Bessorot (Boas Novas) começam falando das toledot (gerações) de Yeshua.
Contudo, atribuir o texto acima a Yeshua é um grande absurdo. Primeiramente porque o texto se refere a uma pessoa "genérica". O termo Plony no Talmud é como dizer "João da Silva" no português para se referir a uma pessoa qualquer. Em segundo lugar, como o Judaismo tradicional entendia que um judeu não deveria se casar com um mamzer (bastardo), era comum que houvesse registros genealógicos naqueles tempos para que as pessoas não se casassem com bastardos. Não há qualquer base para dizermos que o texto acima é uma alusão a Yeshua, simplesmente porque os judeus tradicionais não aceitavam a Yeshua como Mashiach.
2 - Yeshua um Feiticeiro? Miriyam uma Prostituta?
O texto de Sanhedrin 106a na realidade diz: "R. Yochana disse (acerca de Bi'lam): No princípio um profeta, e no final um feiticeiro." Rav. Papa disse: "Como as pessoas dizem: 'Ela era uma descendente de príncipes e governantes, e bancava a prostituta com carpinteiros.'"
A primeira coisa que vemos aqui é que o texto refere-se a Bi'lam (Balaão), personagem contra o qual inclusive o próprio NT não poupa críticas. A idéia de que isso se refira a Yeshua vem de uma tentativa de alguns de insinuarem que "Bi'lam" seja um nome-código para se referir a Yeshua. Contudo, como dizem: A quem acusa cabe o ônus da prova. Não existe qualquer prova textual que indique tal coisa.
O texto de Rav. Papa é atribuído a Miriyam, como se ele estivesse insultando a mãe de Yeshua. Na realidade, nada mais falacioso.
Rav. Papa ilustra uma parábola para falar de Bi'lam. Vejam o que diz Rav. Papa: "Considere uma mulher que é casada com um governante poderoso que conduz o seu povo na batalha. Ela está acostumada a ser a esposa de alguém forte, cujas mãos poderosas podem habilmente manipularem uma espada e vencerem quaisquer oponentes. Se o seu marido morresse, ela desejaria se casar com alguém em posição semelhante de liderança e força. Mesmo se essa viúva continuamente passasse por cima daqueles que ela desejasse casar, ela ainda lutará por sua glória anterior, e se casará até mesmo com um carpinteiro que, apesar de não conduzir seus conterrâneos à batalha, ainda deve habilmente manejar ferramentas. Mesmo quando a habilidade de alcançar sua glória antiga está claramente ausente, ela ainda tentará tudo possível para alcançar qualquer posição que remotamente se assemelhe a ela.
Semelhantemente, Bi'lam iniciou como um homem de profecia (como um príncipe ou governante). Ele era capaz de ver o futuro e mesmo de manipulá-lo através de suas maldições e bênçãos. Contudo, quando ele perdeu aquele dom quando o Eterno removeu sua profecia, Bi'lam ainda desejava ver o futuro, até mesmo fazendo uso de tais pálidas comparações tais como feitiçaria e magia negra, como um carpinteiro."
Em suma, podemos ver que a passagem nada tem a ver com Yeshua ou Miriyam. A alusão de Rav. Papa trata-se apenas de uma comparação governante <-> carpinteiro, porque um carpinteiro era uma posição extremamente humilde na sociedade. Aliás, é um dos motivos de Yeshua ter sido um carpinteiro: demonstra a humildade dele. Não há qualquer alusão a Yeshua nesta passagem, nem insinuação de que sua mãe fosse uma prostituta.
III - Acusação #2 – O Talmud Zomba de Yeshua ter Morrido Jovem
"Sanhedrin 106 zomba de Yeshua ter morrido jovem"
Será mesmo?
Vejamos o texto de Sanhedrin 106b:
"Um sectário disso a R. Chanina: Você sabe quantos anos tinha Bi'lam? [R. Chanina] respondeu: Não está escrito. Contudo, uma vez que é dito (Salmo 55:24): "Homens que derramam sangue e enganam não viverão metade de seus dias..." ele tinha 33 ou 34. [O herege] disse: "Você disse bem. Eu vi a crônica de Bi'lam e é dito: "Aos 33 anos, Bi'lam o aleijado foi morto por Pinchas o ladrão."
Novamente aqui, assume-se que Bi'lam é um codenome para Yeshua. A conexão agora é a idade da morte de Bi'lam. Alguns chegam a propor a delirante indicação de que "Pinchas" e "Pilatos" ambos começam com a letra P!
Na realidade, se lermos Sanhedrin 106 desde o princípio, vemos que em Sanhedrin 106a há uma discussão sobre a mudança de tema na Torá em Bamidbar (Números), pois em Bamidbar (Números) 24 temos a profecia de Bi'lam, e no capítulo 25 temos o fato de Israel ter se prostituido com Moav. Não só isso explica a analogia a prostitutas de Rav. Papa (vide item anterior) quanto mostra que claramente o contexto não se refere a Yeshua em absoluto.
IV - Acusação #3 - Yeshua é Insultado
"Yeshu é uma abreviação para insultar Yeshua"
"Yeshua é chamado de maligno em Sanhedrin 107b e Sotá 47a"
"É dito que em Gitin 56b-57a que Yeshua está fervendo em excremento quente no inferno"
1 - Contração para Insultar?
A afirmação de que "Yeshu" seria uma contração para insultá-lo é uma afirmação que provém de ignorância. Na realidade, o Talmud foi escrito essencialmente em Aramaico, língua da diáspora.
A forma "Yeshu" é simplesmente a pronúncia aramaica de "Yeshua". Por exemplo, na Peshitta Tanach em Êxodo 17:9, Josué é chamado de "Yeshua", e a pronúncia nesse caso certamente seria "Yeshu".
Não estou nem entrando no mérito de se devemos ou não chamarmos o Salvador de Yeshu, isso é outra discussão. Mas a questão é que "Yeshu" é apenas um variante aramaico do hebraico Yahushua. Se admitirmos que o Talmud visava insultar Yeshua, então temos que concluir que a Peshitta visava insultar Josué.
E, ainda assim, vamos ver mais adiante que o "Yeshu" do Talmud não era Yeshua.
2 - Yeshua Maligno?
Será que o Talmud diz mesmo isso? Vejamos QUEM É O YESHU do Talmud:
A Passagem de Sanhedrin 107b e Sotá 47a diz:
"O que houve de R. Yehoshua Ben Perachiah? Quando João [Hyrcanus] o rei matou os rabinos, R. Yehoshua Ben Perachiah [e Yeshu] foram a Alexandria do Egito. Quando houve paz, Shimon Ben Shetach enviou a ele: "De mim [Jerusalém] a cidade santa a você Alexandria do Egito. Meu marido continua em teu meio e eu me assento abandonada."
[R. Yehoshua Ben Perachiah] saiu e chegou em uma estalagem em particular e eles lhe mostraram grande respeito. Ele disse: Quão bela é essa estalagem [a palavra achsania também significa "hospedeira"]
[Yeshu] disse: Ela tem olhos estreitos.
[R. Yehoshua Ben Perachiah] disse a ele: Maligno, é assim que te comprometes?
[R. Yehoshua Ben Perachiah] enviou quatrocentas trombetas e o excomungou.
[Yeshu] veio perante [R. Yohoshua Ben Perachiah] muitas vezes e disse: Aceita-me. Mas [R. Yehoshua Ben Perachiah] não lhe prestou atenção.
Um dia [R. Yehoshua Ben Perachiah] recitava o Shemá [e não devia ser interrompido. Yeshu] veio até ele. Ele ia aceitar [Yeshu] e sinalizou a [Yeshu] com sua mão. [Yeshu] pensou que [R. Yehoshua Ben Perachiah] estava o repelindo. Ele foi, pendurou um tijolo, e se prostrou perante ele.
[Yeshu] disse a [R. Yehoshua Ben Perachiah]: Tu me ensinaste que qualquer um que peca e faz o outro pecar não é dado oportunidade de se arrepender.
E o mestre disse: Yeshu praticou magia e enganou e fez Israel se desviar."
Como vemos aqui claramente, esse Yeshu nem era originalmente um judeu por nascimento, mas uma pessoa convertida ao Judaismo. O absurdo das alegações anti-semitas de que o Talmud ofende Yeshua chegam a tal ponto que se contradizem: Ora, se o Talmud o acusa de ser um mamzer (bastardo), como relata história de sua conversão? Por definição, um mamzer é um judeu de nascimento, e não um prosélito.
Outro problema está no fato de que João Hyrcanus viveu cerca de 100 anos ANTES DA ERA COMUM (vide "A Enciclopédia da Cronologia Judaica" - Tannenbaum, Gershon - p.87). Além disso, não há qualquer relato de Yeshua teria ido com um rabino a Alexandria. Claramente, esse Yeshu não é Yeshua!
Yeshu, em sendo uma abreviação de Yahushua (Josué), era um nome extremamente comum no meio judaico. De fato, até hoje a repetição de nomes é algo notório nas comunidades judaicas. Para ilustrar o fato, costumo dizer brincando que se alguém entrar numa sinagoga e disser: "Telefone urgente para o Yossef", umas 10 pessoas sairão apressadamente do recinto.
3 - Yeshua Queimando no Inferno?
"Gitin 57a diz que Yeshua está no inferno, queimando em excremento quente."
O texto de Gitn 57 fala da conversão de Onkelos Bar Kalonikus, sobrinho do emperador Tito. O texto então descreve que antes de se converter, Onkelos invocou os espíritos de alguns vilões da história de Israel, entre eles Bi'lam e Yeshu. Agora, vejam vocês, além de termos provado que o Yeshu do Talmud não era Yeshua, ainda há outro problema com esse raciocínio: Se Bi'lam era um codinome para Yeshua no Talmud, como é que aqui Onkelos aparece invocando o espírito tanto de um quanto de outro? Não faz o menor sentido...
V - Acusação #4 - O Talmud diz Yeshua Praticou Magia e Miriyam era uma adúltera
"Os Tratados Shabat 104b e Sanhedrin 67a dizem que Yeshua praticou magia e que Miriyam era uma adúltera"
Novamente, Miriyam era um nome comum no meio judaico. Basta ver que temos mais de uma Miriyam no NT.
Vamos ver o texto em questão:
"É dito: R. Eliezer disse aos sábios: Acaso Ben Stada não trouxe feitiçaria com ele do egito em um corte que fez em sua pele? Eles disseram a ele: Ele era um tolo e tu não podes trazer prova de um tolo.
Ben Stata é Ben Pandira.
R. Chisda disse: O marido era Stada e o amante era Pandira.
[Não,] o marido era Papos Ben Yehudah e a mãe era Stada.
[Não,] a mãe era Miriyam, a cabelereira de mulheres [e era chamada de Stada]. Como dizemos em Pumbedita: Ela se desviou [Stat da] de seu marido."
Como vemos aqui, é um absurdo dizer que essa passagem se refere a Yeshua! Primeiramente, o personagem aqui é conhecido como "Ben Stada" ou "Ben Pandira", ou seja, filho de Stada ou de Pandira. Isso porque há dois "Yeshus" hereges no Talmud. Um chamado "Yeshu Ben Stada" e outro "Yeshu Ben Pandira." A discussão aqui é a qual deles o texto se referia. Repare que não há nenhuma menção de um "Yeshu Ben Yossef" - certamente que se houvesse uma tentativa de associação a Yeshua, eles o citariam da forma que era conhecido.
Em segundo lugar, Yeshua nunca esteve no Egito quando de idade adulta. Em terceiro, a Miriyam nunca foi cabelereira. Claramente aqui, essa Miriyam não é a Miriyam mãe de Yeshua, nem tampouco o filho a quem se referem é Yeshua. Se formos por esse raciocínio, a concidência de nomes poderia ser usada para supor que fosse Miriyam irmã de Moshe.
VI - Acusação #5 - O Talmud diz que Yeshua Morreu por Idolatria
"Sanhedrin 67a diz que Yeshua morreu por idolatria, pendurado na cruz em Pessach"
Na realidade, o texto discute a pena de morte. Vejamos o que diz:
"... As testemunhas que o ouvem trazem-no para fora da corte e o apedrejam. E assim o fizeram a Ben Stada em Lud, e o penduraram na véspera do Pessach."
Os problemas: Primeiramente, assume-se erroneamente aqui que Yeshua seja "Yeshu Ben Stada", possivelmente por causa do item anterior.
Em segundo lugar, Yeshua não morreu em Lud. Lud era uma cidade em Bavel (Babilônia), e não em Israel. Em terceiro lugar, Yeshua nunca foi apedrejado. Claramente, não é referência a Yeshua.
VII - Acusação #6 - O Talmud diz que Yeshua foi Morto porque Praticou Feitiçaria e Enganou Israel
"Sanhedrin 43a diz que Yeshua foi morto por praticar feitiçaria e enganar Israel, na vérspera de Pessach"
O texto na realidade discute a morte de um dos Yeshus. Vejamos o que diz:
"Na véspera do Pessah eles penduraram Yeshu e o arauto saiu por quarenta dias anteriormente declarando que [Yeshu] seria apedrejado por praticar magia negra e por encantamento e por desviar Israel... Yeshu era diferente porque ele estava próximo do governo."
Os problemas: Ambos os "Yeshus" viveram cerca de um século antes de Yeshua! Esse é o primeiro problema. O segundo é que o Talmud relata duas mortes diferentes para os dois "Yeshus" que são mencionados, o Ben Stada e o Ben Pandira. Yeshua não poderia ser os dois! O terceiro problema é que na época de Yeshua, o Sanhedrin já não tinha mais autoridade para executar pena de morte - Roma não mais o permitia. Já na época de Yeshu (1 século antes), isso era lícito. Por isso, quem executou Yeshu foram os judeus. Quem executou Yeshua foram os romanos. O quarto é que, novamente, Yeshua nunca foi apedrejado.
Outro problema: O texto diz que Yeshu tinha ligações com o governo. Claramente, isso se refere ao passado pré-conversão de Yeshu, que, como vimos, era um prosélito. O NT jamais faz qualquer menção a Yeshua sendo próximo do governo romano. Muito pelo contrário, se o fosse, não teria sido morto pelo mesmo. Claramente, a passagem não se refere a Yeshua.
VIII - Acusação #7 - O Talmud diz que 5 discípulos de Yeshua foram mortos por crimes contra o Eterno
"Sanhedrin 43a diz que os discípulos de Yeshua foram mortos por crimes contra o Eterno"
Na realidade, o texto se refere a Yeshu Ben Pandira. Já vimos que ele não tem qualquer conexão com Yeshua. Vamos ao texto:
"Yeshu tinha cinco discípulos - Matai, Nekai, Netser, Buni e Todá."
O problema: O único discípulo de mesmo nome de um dos discípulos de Yeshua é Matai, que é a forma aramaica de Matitiyahu (Mateus). Contudo, era um nome muito popular na época, devido a Matitiyahu, o hasmoneu, um dos grandes heróis comemorados em Chanuká. Fora ele, temos Todá que poderia talvez ser Tadei (Tadeu) ou Tomá, se quisermos forçar a barra. Mesmo assim, temos 3 nomes absolutamente inexistentes no NT. Além disso, Yeshua teve 12 discípulos, como sabemos, e não 5.
IX - Acusação #8 - O Talmud diz que Yeshua era um Curandeiro
"Tosefta Chulin 2:23 diz que Yeshua era um curandeiro e que seus discípulos invocavam seu nome para curar."
Vamos ao texto:
"Certa vez ocorreu que R. Elazar Ben Damá foi mordido por uma cobra, e Ya'akov do vilarejo de Sechania veiou curá-lo em nome de Yeshu Ben Pandira, mas R. Yishmael não o permitiu."
O problema: Como vimos, Yeshu Ben Pandira não é Yeshua, mas um personagem que viveu muitos anos antes.
X – Acusação #9 – O Talmud diz que Yeshua o Nazareno praticou Magia e Enganou Israel
"Sanhedrin 107b e Sotá 47a dizem que Yeshu o Nazareno praticou Magia e Enganou Israel"
Na realidade, já vimos o texto em questão em outro item, e como se refere a Yeshu Ben Pandira, que nem judeu de nascimento era. Na realidade, o texto diz:
"E o mestre disse: Yeshu [Ben Pandira] praticou magia e enganou e fez Israel se desviar."
Ocorre que em 1 manuscrito. Em 1 e SOMENTE UM manuscrito, o texto mostra "Yeshu haNotzri". Os próprios rabinos concluem que foi uma adição maliciosa de um escriba para associar essa figura a Yeshua. Contudo, não faz parte do texto original. Culpar os autores do Talmud seria tão falacioso quanto culpar a Yochanan (João) pelas traduções equivocadas que igualam os "moradores da Judéia" com os judeus.
XI – Os 2 Yeshua do Talmud
Vejamos um resumo dos dois Yeshus do Talmud, e o porquê de não poderem ser Yeshua:
1 – Yeshu Ben Pandira:
- Viveu cerca de 80 anos antes de Yeshua nascer
- Estudou com R. Yehoshua Ben Perachiah
- Não era judeu de nascimento
- Foi perseguido, e fugiu para o egito, retornando como idólatra
- Tinha "costas quentes" com o governo Romano
- Tinha 5 discípulos
- O pai se chamava "Pandira", e não Yossef
2 – Yeshu Ben Stada
- Viveu cerca de 100 antes de Yeshua
- Trouxe magia do Egito
- Sua mãe, chamada Miriyam (ou Stada), era uma cabelereira
- Seu pai se chamava Stada ou Pappos.
- Executado na Babilônia, em Lud, e não em Israel
Vemos que é IMPOSSíVEL que qualquer dois dois se refira a Yeshua. As descrições simplesmente não batem com qualquer referência neo-testamentária ou histórica de Yeshua Ben Yossef.
XII – Conclusão
A alegação de que o Talmud conteria ofensas a Yeshua tem origem no anti-semitismo católico e foi freqüentemente utilizada para perseguição aos judeus. Lamentavelmente, tal alegação tem sido, por pura ignorância, repetida por muitos no meio cristão, messiânico, nazareno e, pasmem, até mesmo no meio judaico!
Espero que esse artigo possa contribuir para esclarecer, de uma vez por todas, essa questão, de modo a evitar um crescente sentimento de anti-semitismo em nosso meio.
Por Sha'ul Bentsion
I – Introdução
A idéia de escrever esse artigo é motivação antiga, e foi recentemente recordada devido a alguns terem me indagado sobre uma suposta presença de ofensas, acusações e blasfêmias contra Yeshua no Talmud, principal obra de comentário da Lei Judaica.
Será que tais acusações procedem? Neste artigo, pretendo demonstrar que as acusações não passam de odiosos mitos que se propagaram como lendas urbanas, mas que se escrutinados mais profundamente, revelam não serem referência a Yeshua. A posição, inclusive, OFICIAL do Judaismo tradicional (embora alguns judeus isoladamente digam o oposto) é a de que o Talmud jamais menciona a Yeshua. Investigaremos, portanto, uma a uma essas acusações tão graves.
II - Acusação #1 - Insultos contra Yeshua e Miriyam
"Yeshu era um mamzer (bastardo) nascido de adultério" (Yebamot 49b)
"Miriyam era uma prostituta: Jesus era um homem mal" (Sanhedrin 106a)
"Yeshu era um feiticeiro e um tolo. Miriyam era uma adúltera" (Shabat 104a)
Vamos analisar cada uma dessas acusações
1 - Bastardo?
O texto da Mishná na realidade diz: "R. Shimon ben Azai disse: Eu encontrei um livro de genealogias em Jerusalém e nele está escrito: 'O homem Plony' é um bastardo"
A insinuação de que isso se refira a Yeshua vem do fato de que as Bessorot (Boas Novas) começam falando das toledot (gerações) de Yeshua.
Contudo, atribuir o texto acima a Yeshua é um grande absurdo. Primeiramente porque o texto se refere a uma pessoa "genérica". O termo Plony no Talmud é como dizer "João da Silva" no português para se referir a uma pessoa qualquer. Em segundo lugar, como o Judaismo tradicional entendia que um judeu não deveria se casar com um mamzer (bastardo), era comum que houvesse registros genealógicos naqueles tempos para que as pessoas não se casassem com bastardos. Não há qualquer base para dizermos que o texto acima é uma alusão a Yeshua, simplesmente porque os judeus tradicionais não aceitavam a Yeshua como Mashiach.
2 - Yeshua um Feiticeiro? Miriyam uma Prostituta?
O texto de Sanhedrin 106a na realidade diz: "R. Yochana disse (acerca de Bi'lam): No princípio um profeta, e no final um feiticeiro." Rav. Papa disse: "Como as pessoas dizem: 'Ela era uma descendente de príncipes e governantes, e bancava a prostituta com carpinteiros.'"
A primeira coisa que vemos aqui é que o texto refere-se a Bi'lam (Balaão), personagem contra o qual inclusive o próprio NT não poupa críticas. A idéia de que isso se refira a Yeshua vem de uma tentativa de alguns de insinuarem que "Bi'lam" seja um nome-código para se referir a Yeshua. Contudo, como dizem: A quem acusa cabe o ônus da prova. Não existe qualquer prova textual que indique tal coisa.
O texto de Rav. Papa é atribuído a Miriyam, como se ele estivesse insultando a mãe de Yeshua. Na realidade, nada mais falacioso.
Rav. Papa ilustra uma parábola para falar de Bi'lam. Vejam o que diz Rav. Papa: "Considere uma mulher que é casada com um governante poderoso que conduz o seu povo na batalha. Ela está acostumada a ser a esposa de alguém forte, cujas mãos poderosas podem habilmente manipularem uma espada e vencerem quaisquer oponentes. Se o seu marido morresse, ela desejaria se casar com alguém em posição semelhante de liderança e força. Mesmo se essa viúva continuamente passasse por cima daqueles que ela desejasse casar, ela ainda lutará por sua glória anterior, e se casará até mesmo com um carpinteiro que, apesar de não conduzir seus conterrâneos à batalha, ainda deve habilmente manejar ferramentas. Mesmo quando a habilidade de alcançar sua glória antiga está claramente ausente, ela ainda tentará tudo possível para alcançar qualquer posição que remotamente se assemelhe a ela.
Semelhantemente, Bi'lam iniciou como um homem de profecia (como um príncipe ou governante). Ele era capaz de ver o futuro e mesmo de manipulá-lo através de suas maldições e bênçãos. Contudo, quando ele perdeu aquele dom quando o Eterno removeu sua profecia, Bi'lam ainda desejava ver o futuro, até mesmo fazendo uso de tais pálidas comparações tais como feitiçaria e magia negra, como um carpinteiro."
Em suma, podemos ver que a passagem nada tem a ver com Yeshua ou Miriyam. A alusão de Rav. Papa trata-se apenas de uma comparação governante <-> carpinteiro, porque um carpinteiro era uma posição extremamente humilde na sociedade. Aliás, é um dos motivos de Yeshua ter sido um carpinteiro: demonstra a humildade dele. Não há qualquer alusão a Yeshua nesta passagem, nem insinuação de que sua mãe fosse uma prostituta.
III - Acusação #2 – O Talmud Zomba de Yeshua ter Morrido Jovem
"Sanhedrin 106 zomba de Yeshua ter morrido jovem"
Será mesmo?
Vejamos o texto de Sanhedrin 106b:
"Um sectário disso a R. Chanina: Você sabe quantos anos tinha Bi'lam? [R. Chanina] respondeu: Não está escrito. Contudo, uma vez que é dito (Salmo 55:24): "Homens que derramam sangue e enganam não viverão metade de seus dias..." ele tinha 33 ou 34. [O herege] disse: "Você disse bem. Eu vi a crônica de Bi'lam e é dito: "Aos 33 anos, Bi'lam o aleijado foi morto por Pinchas o ladrão."
Novamente aqui, assume-se que Bi'lam é um codenome para Yeshua. A conexão agora é a idade da morte de Bi'lam. Alguns chegam a propor a delirante indicação de que "Pinchas" e "Pilatos" ambos começam com a letra P!
Na realidade, se lermos Sanhedrin 106 desde o princípio, vemos que em Sanhedrin 106a há uma discussão sobre a mudança de tema na Torá em Bamidbar (Números), pois em Bamidbar (Números) 24 temos a profecia de Bi'lam, e no capítulo 25 temos o fato de Israel ter se prostituido com Moav. Não só isso explica a analogia a prostitutas de Rav. Papa (vide item anterior) quanto mostra que claramente o contexto não se refere a Yeshua em absoluto.
IV - Acusação #3 - Yeshua é Insultado
"Yeshu é uma abreviação para insultar Yeshua"
"Yeshua é chamado de maligno em Sanhedrin 107b e Sotá 47a"
"É dito que em Gitin 56b-57a que Yeshua está fervendo em excremento quente no inferno"
1 - Contração para Insultar?
A afirmação de que "Yeshu" seria uma contração para insultá-lo é uma afirmação que provém de ignorância. Na realidade, o Talmud foi escrito essencialmente em Aramaico, língua da diáspora.
A forma "Yeshu" é simplesmente a pronúncia aramaica de "Yeshua". Por exemplo, na Peshitta Tanach em Êxodo 17:9, Josué é chamado de "Yeshua", e a pronúncia nesse caso certamente seria "Yeshu".
Não estou nem entrando no mérito de se devemos ou não chamarmos o Salvador de Yeshu, isso é outra discussão. Mas a questão é que "Yeshu" é apenas um variante aramaico do hebraico Yahushua. Se admitirmos que o Talmud visava insultar Yeshua, então temos que concluir que a Peshitta visava insultar Josué.
E, ainda assim, vamos ver mais adiante que o "Yeshu" do Talmud não era Yeshua.
2 - Yeshua Maligno?
Será que o Talmud diz mesmo isso? Vejamos QUEM É O YESHU do Talmud:
A Passagem de Sanhedrin 107b e Sotá 47a diz:
"O que houve de R. Yehoshua Ben Perachiah? Quando João [Hyrcanus] o rei matou os rabinos, R. Yehoshua Ben Perachiah [e Yeshu] foram a Alexandria do Egito. Quando houve paz, Shimon Ben Shetach enviou a ele: "De mim [Jerusalém] a cidade santa a você Alexandria do Egito. Meu marido continua em teu meio e eu me assento abandonada."
[R. Yehoshua Ben Perachiah] saiu e chegou em uma estalagem em particular e eles lhe mostraram grande respeito. Ele disse: Quão bela é essa estalagem [a palavra achsania também significa "hospedeira"]
[Yeshu] disse: Ela tem olhos estreitos.
[R. Yehoshua Ben Perachiah] disse a ele: Maligno, é assim que te comprometes?
[R. Yehoshua Ben Perachiah] enviou quatrocentas trombetas e o excomungou.
[Yeshu] veio perante [R. Yohoshua Ben Perachiah] muitas vezes e disse: Aceita-me. Mas [R. Yehoshua Ben Perachiah] não lhe prestou atenção.
Um dia [R. Yehoshua Ben Perachiah] recitava o Shemá [e não devia ser interrompido. Yeshu] veio até ele. Ele ia aceitar [Yeshu] e sinalizou a [Yeshu] com sua mão. [Yeshu] pensou que [R. Yehoshua Ben Perachiah] estava o repelindo. Ele foi, pendurou um tijolo, e se prostrou perante ele.
[Yeshu] disse a [R. Yehoshua Ben Perachiah]: Tu me ensinaste que qualquer um que peca e faz o outro pecar não é dado oportunidade de se arrepender.
E o mestre disse: Yeshu praticou magia e enganou e fez Israel se desviar."
Como vemos aqui claramente, esse Yeshu nem era originalmente um judeu por nascimento, mas uma pessoa convertida ao Judaismo. O absurdo das alegações anti-semitas de que o Talmud ofende Yeshua chegam a tal ponto que se contradizem: Ora, se o Talmud o acusa de ser um mamzer (bastardo), como relata história de sua conversão? Por definição, um mamzer é um judeu de nascimento, e não um prosélito.
Outro problema está no fato de que João Hyrcanus viveu cerca de 100 anos ANTES DA ERA COMUM (vide "A Enciclopédia da Cronologia Judaica" - Tannenbaum, Gershon - p.87). Além disso, não há qualquer relato de Yeshua teria ido com um rabino a Alexandria. Claramente, esse Yeshu não é Yeshua!
Yeshu, em sendo uma abreviação de Yahushua (Josué), era um nome extremamente comum no meio judaico. De fato, até hoje a repetição de nomes é algo notório nas comunidades judaicas. Para ilustrar o fato, costumo dizer brincando que se alguém entrar numa sinagoga e disser: "Telefone urgente para o Yossef", umas 10 pessoas sairão apressadamente do recinto.
3 - Yeshua Queimando no Inferno?
"Gitin 57a diz que Yeshua está no inferno, queimando em excremento quente."
O texto de Gitn 57 fala da conversão de Onkelos Bar Kalonikus, sobrinho do emperador Tito. O texto então descreve que antes de se converter, Onkelos invocou os espíritos de alguns vilões da história de Israel, entre eles Bi'lam e Yeshu. Agora, vejam vocês, além de termos provado que o Yeshu do Talmud não era Yeshua, ainda há outro problema com esse raciocínio: Se Bi'lam era um codinome para Yeshua no Talmud, como é que aqui Onkelos aparece invocando o espírito tanto de um quanto de outro? Não faz o menor sentido...
V - Acusação #4 - O Talmud diz Yeshua Praticou Magia e Miriyam era uma adúltera
"Os Tratados Shabat 104b e Sanhedrin 67a dizem que Yeshua praticou magia e que Miriyam era uma adúltera"
Novamente, Miriyam era um nome comum no meio judaico. Basta ver que temos mais de uma Miriyam no NT.
Vamos ver o texto em questão:
"É dito: R. Eliezer disse aos sábios: Acaso Ben Stada não trouxe feitiçaria com ele do egito em um corte que fez em sua pele? Eles disseram a ele: Ele era um tolo e tu não podes trazer prova de um tolo.
Ben Stata é Ben Pandira.
R. Chisda disse: O marido era Stada e o amante era Pandira.
[Não,] o marido era Papos Ben Yehudah e a mãe era Stada.
[Não,] a mãe era Miriyam, a cabelereira de mulheres [e era chamada de Stada]. Como dizemos em Pumbedita: Ela se desviou [Stat da] de seu marido."
Como vemos aqui, é um absurdo dizer que essa passagem se refere a Yeshua! Primeiramente, o personagem aqui é conhecido como "Ben Stada" ou "Ben Pandira", ou seja, filho de Stada ou de Pandira. Isso porque há dois "Yeshus" hereges no Talmud. Um chamado "Yeshu Ben Stada" e outro "Yeshu Ben Pandira." A discussão aqui é a qual deles o texto se referia. Repare que não há nenhuma menção de um "Yeshu Ben Yossef" - certamente que se houvesse uma tentativa de associação a Yeshua, eles o citariam da forma que era conhecido.
Em segundo lugar, Yeshua nunca esteve no Egito quando de idade adulta. Em terceiro, a Miriyam nunca foi cabelereira. Claramente aqui, essa Miriyam não é a Miriyam mãe de Yeshua, nem tampouco o filho a quem se referem é Yeshua. Se formos por esse raciocínio, a concidência de nomes poderia ser usada para supor que fosse Miriyam irmã de Moshe.
VI - Acusação #5 - O Talmud diz que Yeshua Morreu por Idolatria
"Sanhedrin 67a diz que Yeshua morreu por idolatria, pendurado na cruz em Pessach"
Na realidade, o texto discute a pena de morte. Vejamos o que diz:
"... As testemunhas que o ouvem trazem-no para fora da corte e o apedrejam. E assim o fizeram a Ben Stada em Lud, e o penduraram na véspera do Pessach."
Os problemas: Primeiramente, assume-se erroneamente aqui que Yeshua seja "Yeshu Ben Stada", possivelmente por causa do item anterior.
Em segundo lugar, Yeshua não morreu em Lud. Lud era uma cidade em Bavel (Babilônia), e não em Israel. Em terceiro lugar, Yeshua nunca foi apedrejado. Claramente, não é referência a Yeshua.
VII - Acusação #6 - O Talmud diz que Yeshua foi Morto porque Praticou Feitiçaria e Enganou Israel
"Sanhedrin 43a diz que Yeshua foi morto por praticar feitiçaria e enganar Israel, na vérspera de Pessach"
O texto na realidade discute a morte de um dos Yeshus. Vejamos o que diz:
"Na véspera do Pessah eles penduraram Yeshu e o arauto saiu por quarenta dias anteriormente declarando que [Yeshu] seria apedrejado por praticar magia negra e por encantamento e por desviar Israel... Yeshu era diferente porque ele estava próximo do governo."
Os problemas: Ambos os "Yeshus" viveram cerca de um século antes de Yeshua! Esse é o primeiro problema. O segundo é que o Talmud relata duas mortes diferentes para os dois "Yeshus" que são mencionados, o Ben Stada e o Ben Pandira. Yeshua não poderia ser os dois! O terceiro problema é que na época de Yeshua, o Sanhedrin já não tinha mais autoridade para executar pena de morte - Roma não mais o permitia. Já na época de Yeshu (1 século antes), isso era lícito. Por isso, quem executou Yeshu foram os judeus. Quem executou Yeshua foram os romanos. O quarto é que, novamente, Yeshua nunca foi apedrejado.
Outro problema: O texto diz que Yeshu tinha ligações com o governo. Claramente, isso se refere ao passado pré-conversão de Yeshu, que, como vimos, era um prosélito. O NT jamais faz qualquer menção a Yeshua sendo próximo do governo romano. Muito pelo contrário, se o fosse, não teria sido morto pelo mesmo. Claramente, a passagem não se refere a Yeshua.
VIII - Acusação #7 - O Talmud diz que 5 discípulos de Yeshua foram mortos por crimes contra o Eterno
"Sanhedrin 43a diz que os discípulos de Yeshua foram mortos por crimes contra o Eterno"
Na realidade, o texto se refere a Yeshu Ben Pandira. Já vimos que ele não tem qualquer conexão com Yeshua. Vamos ao texto:
"Yeshu tinha cinco discípulos - Matai, Nekai, Netser, Buni e Todá."
O problema: O único discípulo de mesmo nome de um dos discípulos de Yeshua é Matai, que é a forma aramaica de Matitiyahu (Mateus). Contudo, era um nome muito popular na época, devido a Matitiyahu, o hasmoneu, um dos grandes heróis comemorados em Chanuká. Fora ele, temos Todá que poderia talvez ser Tadei (Tadeu) ou Tomá, se quisermos forçar a barra. Mesmo assim, temos 3 nomes absolutamente inexistentes no NT. Além disso, Yeshua teve 12 discípulos, como sabemos, e não 5.
IX - Acusação #8 - O Talmud diz que Yeshua era um Curandeiro
"Tosefta Chulin 2:23 diz que Yeshua era um curandeiro e que seus discípulos invocavam seu nome para curar."
Vamos ao texto:
"Certa vez ocorreu que R. Elazar Ben Damá foi mordido por uma cobra, e Ya'akov do vilarejo de Sechania veiou curá-lo em nome de Yeshu Ben Pandira, mas R. Yishmael não o permitiu."
O problema: Como vimos, Yeshu Ben Pandira não é Yeshua, mas um personagem que viveu muitos anos antes.
X – Acusação #9 – O Talmud diz que Yeshua o Nazareno praticou Magia e Enganou Israel
"Sanhedrin 107b e Sotá 47a dizem que Yeshu o Nazareno praticou Magia e Enganou Israel"
Na realidade, já vimos o texto em questão em outro item, e como se refere a Yeshu Ben Pandira, que nem judeu de nascimento era. Na realidade, o texto diz:
"E o mestre disse: Yeshu [Ben Pandira] praticou magia e enganou e fez Israel se desviar."
Ocorre que em 1 manuscrito. Em 1 e SOMENTE UM manuscrito, o texto mostra "Yeshu haNotzri". Os próprios rabinos concluem que foi uma adição maliciosa de um escriba para associar essa figura a Yeshua. Contudo, não faz parte do texto original. Culpar os autores do Talmud seria tão falacioso quanto culpar a Yochanan (João) pelas traduções equivocadas que igualam os "moradores da Judéia" com os judeus.
XI – Os 2 Yeshua do Talmud
Vejamos um resumo dos dois Yeshus do Talmud, e o porquê de não poderem ser Yeshua:
1 – Yeshu Ben Pandira:
- Viveu cerca de 80 anos antes de Yeshua nascer
- Estudou com R. Yehoshua Ben Perachiah
- Não era judeu de nascimento
- Foi perseguido, e fugiu para o egito, retornando como idólatra
- Tinha "costas quentes" com o governo Romano
- Tinha 5 discípulos
- O pai se chamava "Pandira", e não Yossef
2 – Yeshu Ben Stada
- Viveu cerca de 100 antes de Yeshua
- Trouxe magia do Egito
- Sua mãe, chamada Miriyam (ou Stada), era uma cabelereira
- Seu pai se chamava Stada ou Pappos.
- Executado na Babilônia, em Lud, e não em Israel
Vemos que é IMPOSSíVEL que qualquer dois dois se refira a Yeshua. As descrições simplesmente não batem com qualquer referência neo-testamentária ou histórica de Yeshua Ben Yossef.
XII – Conclusão
A alegação de que o Talmud conteria ofensas a Yeshua tem origem no anti-semitismo católico e foi freqüentemente utilizada para perseguição aos judeus. Lamentavelmente, tal alegação tem sido, por pura ignorância, repetida por muitos no meio cristão, messiânico, nazareno e, pasmem, até mesmo no meio judaico!
Espero que esse artigo possa contribuir para esclarecer, de uma vez por todas, essa questão, de modo a evitar um crescente sentimento de anti-semitismo em nosso meio.
sábado, 11 de agosto de 2007
Parashat haShavua - ראה - Re'eh
Shalom !!!
Depois de um problema com o acesso ao blog, estou de volta !!! Hoje vou comentar alguns pontos da parashat hashavua (porção da Torah dessa semana) que se chama ראה - Re'eh - "Veja", que se inicia no capítulo 11, verso 26 do Sefer haDvarim (Deuteronômio) e termina no capítulo 16, verso 17. A Haftará (conclusão) se encontra no livro de Yeshayahu haNavi (profeta Isaias) 54.11 até 55.5, e a e a porção indicada da Brit Chadashah (Nova Aliança) se encontra em Bessorat Al-pi Yochanan (Evangelho segundo João) 7.37-52.
É interessante notar que o Eterno, mesmo depois de tirar o povo de Israel de Mitzraim (Egito), ainda concede o direito deles escolherem se querer obedecê-Lo ou seguirem seu próprio caminho. A parashá começa da seguinte forma:
"Vejam, eu concedo diante de vocês hoje bênção e maldição. A bênção para os que guardarem os mandamentos de Ad-nai vosso D-us que eu vos ordeno hoje. E a maldição se não guardarem os mandamentos de Ad-nai vosso D-us e vos desviardes do caminho que eu vos ordeno hoje para irem após outros deuses que não conhecestes." Devarim 11.26-28 - Traduzido direto do texto original hebraico.
Bênção
Amados, a palavra ברכה - brakhah - "bênção", também significa "abundância", deixando claro a vontade do Eterno de que Seu povo viva uma boa vida, sem que nada falte. Aliás, a terra de Israel, é uma terra muito bonita, terra que realmente "mana leite e mel", porém, tem escassez do elemento mais importante para o homem: água !!! Se não tem água, não tem plantação, não tem pasto, portanto não tem colheita, e nem corte de gado para uma boa alimentação. Portanto, o Eterno condicionou a bênção, a abundância daquele lugar à chuva, como pode ser visto na parashá passada, עקב - 'Eqev - "Porque", no verso 11 do capítulo 11 de Devarim.
O Eterno também condicionou as chuvas, que seriam responsáveis pela abundância, à observância dos mandamentos Dele, como podemos ver também na parashá passada, nos versos 13-15 do capítulo 11, o que nos levará ao segundo ponto dessa parashá.
Maldição
A palavra קללה - Qelalah - "Maldição", também significa "calamidade, desgraça pública", ou seja, seria exatamente o contrário da bênção, da abundância, que é consequência da obediência, portanto, uma das consequências da desobediência seria a falta da chuva, e por isso a escassez do cultivo, do gado de corte, etc.
Outra coisa que é interessante notarmos nessa parashá, é a inteira dependência do Eterno que Israel viveria ao entrar na terra prometida, visto que Israel não poderia fazer chover por vontade própria, e por isso vemos que sempre houve graça de D-us na Torah, ao contrário do que dizem algumas religiões que insistem em dividir a bíblia em duas eras: "Era da Lei" e "Era da Graça", como se as duas coisas fossem incompatíveis. E da mesma forma que vemos nos escritos da Nova Aliança, também vemos na Torah que a graça também vem da dependência de D-us.
Sangue
Passemos para outro ponto importante dessa parashá: o sangue !!! Há muita polêmica envolvendo a questão do sangue na bíblia. O Eterno ordenou que não se comesse sangue (12.23)porque o sangue é "alma" (heb: נפשׁ - nefesh), e que não deveríamos comer a carne com sua alma, então concluímos que não devemos comer animais que ainda estão vivos, pois até mesmo um shochet (abatedor observante da Torah) deve abater os animais de forma a não causar dor a eles, pois essa dor seria impregnada na carne. E essa é só uma das consequências de se comer sangue: ingerir a dor do animal. Existem muitas outras implicações em se comer sangue.
Idolatria
Muitas pessoas acham que D-us foi "malvado" ao mandar que Israel matasse os habitantes da terra, porém nenhuma dessas pessoas conhecia o povo que habitava ali. Está escrito, e lemos nessa parashá, que eram povos tão maus, que queimavam seus filhos e suas filhas em sacrifício a seus deuses. A ordem do Eterno de matar esses povos foi para que Israel não se contaminasse com essa idolatria e maldade desses outros povos, e seria também uma espécie de punição para esses verdadeiros malvados. A ordem de D-us foi de que Israel derrubasse e destruisse todo objeto de idolatria desses povos, para que pudesse possuir a terra. O curioso é que a arqueologia nos mostra que ainda existem em Israel, "postes ídolos", diante dos quais os antigos habitantes dali se cortavam, se mutilavam, em sacrifícios a deuses. E ainda hoje a ordem do Eterno vigora, e esses postes deveriam ser destruídos, porém, esses objetos de idolatria são considerados como "tesouros arquelógicos" e por isso não é permitida a sua destruição. Será também por culpa disso que vemos tantas coisas ruins acontecendo em Israel ? Como paradas gays em vários lugares importantes de lá ? É triste, mas li a notícia de que se planeja transformar Tel-Aviv na capital mundial do mundo gay. Então Israel deve obediência ao Eterno, para que as chuvas Dele voltem a cair.
Remissão
Para aqueles que "torcem o nariz" para a Torah, vemos claramente uma alusão ao reinado milenar de Yeshua haMashiach no capítulo 15 inteiro dessa parashá. Trata-se do ano da remissão, do ano sabático, onde os servos são livres, as dívidas perdoadas, etc. Podemos ver isso fazendo parte da missão messiânica de Yeshua, quando ele mesmo lê a haftará de Yeshayahu dizendo: "o espírito do Eterno está sobre mim..."
Segundo o judaísmo, o mundo terá 7000 anos, vindo então o Olam habá (Mundo Vindouro), estamos no ano de 5767. Nós messiânicos então devemos interpretar que o último milênio, o milênio sabático será os mil anos do reinado de Yeshua, e que este representa o ano sabático descrito na Torah.
Vemos então que não tem como desligar Yeshua haMashiach da Torah, ou qualquer escrito nazareno, sejam os evangelhos, cartas, etc.
"Shalom rav leohavei Toratekha" - "Paz abundante para os que amam a Tua Torah"
Shavua tov - Boa semana
Depois de um problema com o acesso ao blog, estou de volta !!! Hoje vou comentar alguns pontos da parashat hashavua (porção da Torah dessa semana) que se chama ראה - Re'eh - "Veja", que se inicia no capítulo 11, verso 26 do Sefer haDvarim (Deuteronômio) e termina no capítulo 16, verso 17. A Haftará (conclusão) se encontra no livro de Yeshayahu haNavi (profeta Isaias) 54.11 até 55.5, e a e a porção indicada da Brit Chadashah (Nova Aliança) se encontra em Bessorat Al-pi Yochanan (Evangelho segundo João) 7.37-52.
É interessante notar que o Eterno, mesmo depois de tirar o povo de Israel de Mitzraim (Egito), ainda concede o direito deles escolherem se querer obedecê-Lo ou seguirem seu próprio caminho. A parashá começa da seguinte forma:
"Vejam, eu concedo diante de vocês hoje bênção e maldição. A bênção para os que guardarem os mandamentos de Ad-nai vosso D-us que eu vos ordeno hoje. E a maldição se não guardarem os mandamentos de Ad-nai vosso D-us e vos desviardes do caminho que eu vos ordeno hoje para irem após outros deuses que não conhecestes." Devarim 11.26-28 - Traduzido direto do texto original hebraico.
Bênção
Amados, a palavra ברכה - brakhah - "bênção", também significa "abundância", deixando claro a vontade do Eterno de que Seu povo viva uma boa vida, sem que nada falte. Aliás, a terra de Israel, é uma terra muito bonita, terra que realmente "mana leite e mel", porém, tem escassez do elemento mais importante para o homem: água !!! Se não tem água, não tem plantação, não tem pasto, portanto não tem colheita, e nem corte de gado para uma boa alimentação. Portanto, o Eterno condicionou a bênção, a abundância daquele lugar à chuva, como pode ser visto na parashá passada, עקב - 'Eqev - "Porque", no verso 11 do capítulo 11 de Devarim.
O Eterno também condicionou as chuvas, que seriam responsáveis pela abundância, à observância dos mandamentos Dele, como podemos ver também na parashá passada, nos versos 13-15 do capítulo 11, o que nos levará ao segundo ponto dessa parashá.
Maldição
A palavra קללה - Qelalah - "Maldição", também significa "calamidade, desgraça pública", ou seja, seria exatamente o contrário da bênção, da abundância, que é consequência da obediência, portanto, uma das consequências da desobediência seria a falta da chuva, e por isso a escassez do cultivo, do gado de corte, etc.
Outra coisa que é interessante notarmos nessa parashá, é a inteira dependência do Eterno que Israel viveria ao entrar na terra prometida, visto que Israel não poderia fazer chover por vontade própria, e por isso vemos que sempre houve graça de D-us na Torah, ao contrário do que dizem algumas religiões que insistem em dividir a bíblia em duas eras: "Era da Lei" e "Era da Graça", como se as duas coisas fossem incompatíveis. E da mesma forma que vemos nos escritos da Nova Aliança, também vemos na Torah que a graça também vem da dependência de D-us.
Sangue
Passemos para outro ponto importante dessa parashá: o sangue !!! Há muita polêmica envolvendo a questão do sangue na bíblia. O Eterno ordenou que não se comesse sangue (12.23)porque o sangue é "alma" (heb: נפשׁ - nefesh), e que não deveríamos comer a carne com sua alma, então concluímos que não devemos comer animais que ainda estão vivos, pois até mesmo um shochet (abatedor observante da Torah) deve abater os animais de forma a não causar dor a eles, pois essa dor seria impregnada na carne. E essa é só uma das consequências de se comer sangue: ingerir a dor do animal. Existem muitas outras implicações em se comer sangue.
Idolatria
Muitas pessoas acham que D-us foi "malvado" ao mandar que Israel matasse os habitantes da terra, porém nenhuma dessas pessoas conhecia o povo que habitava ali. Está escrito, e lemos nessa parashá, que eram povos tão maus, que queimavam seus filhos e suas filhas em sacrifício a seus deuses. A ordem do Eterno de matar esses povos foi para que Israel não se contaminasse com essa idolatria e maldade desses outros povos, e seria também uma espécie de punição para esses verdadeiros malvados. A ordem de D-us foi de que Israel derrubasse e destruisse todo objeto de idolatria desses povos, para que pudesse possuir a terra. O curioso é que a arqueologia nos mostra que ainda existem em Israel, "postes ídolos", diante dos quais os antigos habitantes dali se cortavam, se mutilavam, em sacrifícios a deuses. E ainda hoje a ordem do Eterno vigora, e esses postes deveriam ser destruídos, porém, esses objetos de idolatria são considerados como "tesouros arquelógicos" e por isso não é permitida a sua destruição. Será também por culpa disso que vemos tantas coisas ruins acontecendo em Israel ? Como paradas gays em vários lugares importantes de lá ? É triste, mas li a notícia de que se planeja transformar Tel-Aviv na capital mundial do mundo gay. Então Israel deve obediência ao Eterno, para que as chuvas Dele voltem a cair.
Remissão
Para aqueles que "torcem o nariz" para a Torah, vemos claramente uma alusão ao reinado milenar de Yeshua haMashiach no capítulo 15 inteiro dessa parashá. Trata-se do ano da remissão, do ano sabático, onde os servos são livres, as dívidas perdoadas, etc. Podemos ver isso fazendo parte da missão messiânica de Yeshua, quando ele mesmo lê a haftará de Yeshayahu dizendo: "o espírito do Eterno está sobre mim..."
Segundo o judaísmo, o mundo terá 7000 anos, vindo então o Olam habá (Mundo Vindouro), estamos no ano de 5767. Nós messiânicos então devemos interpretar que o último milênio, o milênio sabático será os mil anos do reinado de Yeshua, e que este representa o ano sabático descrito na Torah.
Vemos então que não tem como desligar Yeshua haMashiach da Torah, ou qualquer escrito nazareno, sejam os evangelhos, cartas, etc.
"Shalom rav leohavei Toratekha" - "Paz abundante para os que amam a Tua Torah"
Shavua tov - Boa semana
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