domingo, 26 de agosto de 2012

Destruição do Templo

Shalom Chaverim!!!

Depois de um longo tempo sem escrever absolutamente nada aqui, resolvi voltar a escrever. E creio que esse é um tema que interessa a todos e poucos sabem o que aconteceu na destruição do Beit haMikdash. Resolvi postar então um trecho da obra de uma testemunha ocular desse evento, o historiador judeu Flávio Josefo, que descreveu em História dos Hebreus em detalhes do que aconteceu. Após os capítulos 27-29 do Livro Quinto da obra, o que sucede são detalhes sobre o que foi feito dos vencidos, o que aconteceu com Tito, etc, então eu omiti isso tudo para resumir a destruição em si.

O cenário era o seguinte, o General romano Tito, filho do imperador Vespasiano, havia tomado Yerushalaim e os rebeldes se levantaram mas uma vez contra eles, e foram encurralados no Templo que então foi incendiado.

Livro Quinto:



Capítulo27
OTemplo foi incendiado no mesmo mês e no mesmo dia em queNabucodonosor, rei da Babilônia, o tinha outrora feito incendiar.

470.Embora não se possa saber, sem pesar, da destruição do edifíciomais esplêndido que jamais existiu em todo o mundo, quer pela suaestrutura, sua magnificência e suas riquezas, quer pela suasantidade, que era como o cúmulo de sua glória, há, entretanto,motivo de nos consolarmos, se considerarmos a necessidade inevitáveldo fim, que depois de um certo número de anos sobre-vém à vida detodos os animais; assim, não há nada sob o sol cuja duração sejaperpétua.* Não poderíamos, porém, não nos admirarmos bastante,de que a destruição desse incomparavel Templo, tenha acontecido nomesmo mês e no mesmo dia em que os babilônios outrora o haviamtambém incendiado. Esse segundo incêndio aconteceu no segundo anodo reinado de Vespasiano, mil cento e trinta anos, sete meses equinze dias depois que o rei Salomão o havia construído pelaprimeira vez; seiscentos e trinta e nove anos, quarenta e cinco diasdepois que Ageu o tinha feito restaurar, no segundo ano do reinado deCiro.

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*Foi Zorobabel quem o mandou reconstruir, no tempo do profeta Ageu.Veja em Antigüidades Judaicas, Parte I, nº 442.

Capítulo28
Continuaa horrível matança no Templo. Tumulto espantoso.
Descriçãode um horrível espetáculo. Os revoltosos fazem tal esforço
numataque, que repelem os romanos e retiram-se para a cidade.

471.Quando o fogo devorava o Templo, os soldados furiosos saqueavam ematavam todos os que encontravam. Não perdoavam nem à idade, nem àcondição. Os velhos e as crianças, os sacerdotes e os leigos, eramtodos passa­dos a fio de espada; todos eram envolvidos nessamatança geral e os que recor­riam aos rogos não eram tratadoscom mais clemência do que os que tinham a coragem de se defender atéo fim; o gemido dos moribundos misturava-se com o barulho do crepitardas chamas, que avançavam sempre e o incêndio de tão grandeedifício, situado num lugar elevado, fazia, aos que o contemplavamde longe, pensar que toda a cidade estava sendo devorada pelaschamas.
Nadase poderia ouvir de mais horrível, do que o ruído que ecoava peloar, em todas as direções. Não se pode imaginar o que faziam aslegiões romanas, tomadas de furor; os gritos dos revoltosos, que seviam envolvidos de todos os lados pelas armas e pelo fogomisturavam-se com as queixas e lamentações do pobre povo, queestava no Templo e que levado pelo desespero, ao fugir, atirava-senos braços dos inimigos; vozes confusas elevava até o céu amultidão que estava no alto do monte fronteiro ao Templo,contem­plando o horrível espetáculo. Aqueles mesmos que a fometinha reduzido aos extremos, aos quais a morte estava prestes afechar os olhos para sempre, percebendo o incêndio do Templo,reuniam todas as suas forças para deplorar tão grave desgraça; osecos dos montes vizinhos e da região que está além do Jordãomultiplicavam ainda esse barulho horrível. Por mais espantoso quefosse, porém, os males que causava eram-no ainda mais. O fogo, quedevorava o Templo, era tão grande e violento que parecia que o mesmomonte sobre o qual estava situado ardia todo inteiro. O sangue corriaem tal quantidade que parecia querer competir com o fogo, quem seestenderia mais. O número dos mortos era muito maior que o daquelesque os sacrifica­vam à sua cólera e vingança; toda a terraestava coberta de cadáveres; os soldados pisavam-nos, para podercontinuar a perseguir os que ainda tentavam fugir. Por fim osrevoltosos organizaram tão violento ataque que repeliram os romanos,chegaram ao Templo exterior e de lá retiraram-se para a cidade.

Capítulo29
Algunssacerdotes retiram-se para o alto do muro do Templo.
Osromanos incendeiam os edifícios dos arredores e a tesouraria
quecontinha uma quantidade enorme de riquezas.

472. Alguns dos sacerdotes serviram-se contra os romanos, em vez dedar­dos, dos ganchos que estavam no Templo, e em vez de pedras,do chumbo que eles arrancavam de seus móveis; mas vendo que aquilode nada lhes servia e que o fogo progredia sempre, retiraram-se paracima do muro, cuja espessu­ra era de oito côvados e lá ficarampor algum tempo. Meiro, filho de Belga e José, filho de Daleus, doisdos principais dentre eles, em vez de se contentarem em correr omesmo risco que os outros, lançaram-se ao fogo para morrer com adestruição do Templo.
473. Os romanos, julgando que uma vez queimado, seria inútil poupar orestante, incendiaram, também todos os edifícios dos arredores; eassim eles foram destruídos com tudo o que restava dos pórticos edas portas, exceto as duas que estavam do lado do oriente e do sul,que eles destruíram depois, até os alicerces. Incendiaram também atesouraria que estava cheia de uma quantidade enorme de riquezas,quer em dinheiro quer em soberbas peças de vestuário e outrascoisas preciosas, porque os mais ricos dos judeus para lá haviamlevado o que tinham de melhor.
474. Fora do Templo só restava uma galeria, onde seis mil pessoas dopovo, homens, mulheres e crianças se tinham reunido para se salvar;mas os soldados, levados pela cólera, incendiaram-na também, semesperar a ordem de Tito, uns morreram queimados, outros atirando-separa baixo, para não sofrer morte se­melhante, se suicidaram, desorte que nem um só se salvou.

Livro Sétimo



Capítulo1
Titomanda destruir Jerusalém até os alicerces, com exceção de
umtrecho do muro no lugar onde ele queria construir uma
fortaleza,e as torres de Hípicos, de Fazael e de Mariana.

501.Depois que o exército romano, que jamais se cansaria de matar e desaquear, nada mais achou em que saciar o seu furor, Tito ordenou quea destruíssem, até os alicerces, com exceção de um pedaço domuro, que está do lado do ocidente, onde ele tinha determinadoconstruir uma fortaleza e as torres de Hípicos, de Fazael e deMariana, porque, sobrepujando a todas as outras em altura e emmagnificência, ele as queria conservar para mostrar à posteridade,quão grandes foram o valor e a ciência dos romanos na guerra, parase apoderarem daquela poderosa cidade, que se tinha elevado a talnível de glória. Essa ordem foi tão exatamente cumprida que nãoficou sinal al­gum, que mostrasse haver ali existido um centrotão populoso. Tal o fim de Jerusalém, cuja triste sorte só se podeatribuir à raiva daqueles revoltosos que atearam o fogo na guerra.